Entardece.
Tomo café com cafeína.
Bate-estaca lá na rua
E no meu coração também
O sol no infinito
sorri da janela
Entreaberta.
E na minha alma,
Também
Dia a se vestir de noite.
Como anciã lenta
Dá adeus
À borboleta
No vai-volta do tempo
Em busca de luz
E calor também
Vento forte de quimeras
sopra no deserto da memória.
Cabelos negros em ondas
se enrolam no alto
Sobre risos de promessas
Vestido justo,
Seios redondos
Se mostram nos contornos
Olhos cravados
Nos meus,
Buracos negros,
Sugadouros de energia
Na relva verde
Nossos corpos,
Cipós trançados,
Lava de vulcão,
Ânsias inconstantes,
Brotando da cratera
Salto entre colinas e elevações
Sem culpa
Sem pudor.
Almas abraçadas se afundam,
Na treva de um abismo total,
Entre o pelo espesso
Do teu peito,
Lábios carnudos
coxas grossas.
Ao entardecer
Busca impossível:
Cinzas de sonho não voltam
Relógio do tempo parou,
Nos 20 anos de amor
de tantos vinte vividos.
- Janete Fonseca
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