sexta-feira, 3 de junho de 2022

Para te ver é longa toda espera



 

 

Há uma serra no teu peito

feita de sonho e de distância.

É nessa serra que me deito

com tua luminosa infância.


Ao te esfolhar, na tarde branca,

me extravio nas tuas ancas.


Habitando a paisagem branca

na curva dessa serra deito.


Assim, montando as tuas ancas,

cavalgo os sonhos do teu peito.


Depois, retido na distância,

na cama acendo a tua infância.


Nos veludos da tua infância

qualquer montanha é pura e branca,

claro verão que, na distância,

cintila sobre tuas ancas.


É minha a serra do teu peito

quando à sombra do teu corpo deito.


Sobre os lençóis, quando me deito,

meu coração é a tua infância.


Eu, pelas serras do teu peito,

sou um menino na distância,

cavalgando, na tarde branca,

os girassóis das tuas ancas.


Nos extremos das tuas ancas

cavalgo as serras do teu peito.


O teu corpo, na tarde branca,

é o meu lençol quando me deito.


Uma criança, na distância,

sou a serra da tua infância.


Quero galgar serra e distância

nas tuas mãos de nuvens brancas,

do mesmo modo quero a infância

e os girassóis das tuas ancas.


A mim me basta, se me deito,

morrer nas serras do teu peito.


-Jaci Bezerra 


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