quarta-feira, 27 de dezembro de 2023

A Perda da Inocência II

 





Rodolfo Pamplona Filho




Hoje, eu matei uma criança...

atirei, à queima-roupa, sem dó, nem piedade

no seu corpo de inocência, uma bala de realidade

no seu coração de pureza, uma facada da verdade


Dos seus sonhos, fiz escárnio

Dos seus planos, fiz ridículo

E rasguei sua esperança como papel de embrulho


Arranquei os seus olhos

Cortei sua garganta

E calei sua voz como uma vela que se apaga


Uma mente violentada

Um desejo reprimido

Um brinquedo destruído,

essa criança não existe?


Não é fênix, pois não renasce das cinzas

Não é Deus, pois não acreditam nela

Não é Mito, pois, de algum modo existiu.


Essa criança...

Essa criança...

Essa criança sou eu!


(20.01.92)


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