sábado, 19 de fevereiro de 2011

DETERMINAÇÃO

DETERMINAÇÃO
Rodolfo Pamplona Filho
DETERMINAÇÃO é a filha mais querida da fé com o esforço;
é a irmã da esperança; mãe da realização;
é DETERMINAR a AÇÃO que se tem em mente
para construir o resultado almejado,
ainda que todas as portas queiram se fechar;
é simplesmente desconhecer (ou desprezar)
o significado da palavra “impossível”
e acreditar que todo sonho é apenas o início da realidade...

2002, para os formandos em Direito da UNIFACS 2002.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

O Remédio Amargo

O Remédio Amargo
Rodolfo Pamplona Filho

Pode chegar um momento em suas vidas
Em que a Paixão se torna amizade,
para depois virar educação;
em que Tom Jobim e Vinícius de Moraes viram Kid Abelha,
em que o “Eu sei que vou te amar”
vira “o nosso amor se transformou em bom dia”;
em que a sua identidade de amante
é convertida em ser pai ou mãe de alguém...

Pode chegar um momento em suas vidas
em que o sexo se torna burocrático,
como um ponto a ser batido
ou um dever a ser agendado;
em que qualquer coisa é motivo para dizer não,
como se precisasse de algo para dizer não...
ou quando o “não quero”, “não pode”, “não faço”, “não vou”
se tornam mais comuns do que o “eu te amo”...

Pode chegar um momento em suas vidas,
em que não há mais gota d’água a esperar,
pois o cálice já transbordou há muito;
em que o silêncio é menos constrangedor
do que ouvir a voz do ente antes amado,
em que a ansiedade de conhecer o outro
é substituída pelo marasmo absurdo
da convivência com falta de assunto...

Pode chegar um momento em suas vidas
em que o resgate dos sentimentos de outrora
é visto como uma chatice ou perda de tempo;
em que as lembranças de momentos felizes
são vistas como um “mico” de um passado distante
em que a tentativa de diálogo é interrompida
por um bocejo ou por um olhar no infinito;
em que se percebe que o desrespeito tem perdão,
mas a monotonia não tem solução...

Pode chegar um momento em suas vidas,
em que se discute compatibilização de horários,
como se o que se tornou um já tivesse desvirado;
em que o trabalho dá prazer e o prazer dá trabalho,
onde o stress é preferível à companhia do outro;
em que vale pena se submeter voluntariamente
a um instrumento de tortura medieval,
em que passar a vida esperando a morte não soa assim tão mal...

Pode chegar um momento em suas vidas,
em que a promessa não consegue mais prevalecer;
em que a experiência derrota a esperança;
em que não faz mais sentido permanecer...
em que não há mais nada a fazer,
senão tomar o remédio amargo,
na agonia que o veneno feche e cicatrize a ferida,
em vez de provavelmente matar o paciente.

Rio de Janeiro, 24 de abril de 2010

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Soneto da Sedução

Soneto da Sedução
Rodolfo Pamplona Filho

Deslizar por seus cabelos
Viajar em suas curvas
Afagar os seus joelhos
Tocar suas costas nuas

Segurar suas coxas à vontade
Buscar o seu colo com um sorriso
Encontrar nas suas pernas a felicidade
de um gozo celestial e infinito

Descobrir a perfeita mistura
da maciez e firmeza
no sugar de seus seios

Sentir o gosto da sua boca
e o roçar de sua língua
em um beijo sem freios...

Salvador, 09 de agosto de 2010

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Auto-destruição

Auto-destruição
Rodolfo Pamplona Filho

Chega uma hora em que
seu pai é um estranho
seu irmão, seu inimigo
e você quer ter coragem,
quer acreditar em Deus,
para poder se matar,
mas nem isso você consegue!

É o estupro pelo prazer de ver o medo nos olhos da mulher...
É o cavalo-de-pau em pleno quilômetro de arranque...
É a vontade de cortar os pulsos para ver o sangue escorrer...
É o real apetite por destruição!

É deixar crescer cabelo e barba pela vaidade
de se tornar mais feio ou menos higiênico
somente para ser diferente dos outros.
É um querer-não-querendo que os outros
sintam imensa pena de você
(a piedade é a soberba disfarçada!)
É o orgulho e a dor de ser íntima,
misturados com o desejo de matar alguém
só para sentir como é que é!

Ser doente e doentio,
podre e escorregadio,
escrevendo para não falar,
calando para não amar,
sofrendo para não viver.
É isto que sou: um chato (ou um louco?)

(16.01.92)

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

A Meta e o Método (pesquisando a pesquisa)

A Meta e o Método (pesquisando a pesquisa)
Rodolfo Pamplona Filho

Eu parto da premissa
que tenho pré-concepções.
Conheço o paradigma
e faço desconstruções.

Ídolos e Tradição
Ordem e Anarquia
Eidética redução
na Fenomenologia

Vi o ser-com do MitSein:
descobri a ciência normal,
o ser-aí do DaSein
e a metodologia plural.

Entendi a nadificação,
a angústia e o cuidado...
Achei tese de compilação
no objeto pesquisado

Conclui o processo impoluto
de não existir única verdade,
pois não existe absoluto
na pós-modernidade.

Salvador, 06 de junho de 2010


Adendo de
Charles Silva Barbosa

Como o absoluto é inexistente
é preciso mover-se adiante.
Refletir sobre a gente,
ultrapassar o paradigma dominante.

Compreender o mundo e suas valsas
vencer a instrumental racionalidade.
Se as promessas eram falsas,
é de se romper com a modernidade.

O Lebenswelt resgatado.
Habermas faz Husserl renovar.
Se o mundo da vida é tema,
a filosofia há que se criticar.

Sem a fenomenológica percepção
a pesquisa vai desmoronar.
Estar-se-á na contramão
e método algum irá salvar.

Só nos resta ir contra o método,
para o método encontrar.
E entender que não há método,
onde o eidos não está.

Retrospectiva - Avaliando o Sucesso do Blog

Prezados

Hoje, de fato, é 08/11/2010.
Estou programando a postagem deste texto para o dia 15/02/2011, primeiro dia livre depois que fiz a programação da 200ª postagem do blog.
Confesso que estou meio viciado neste negócio...
E continuo cumprindo a promessa de soltar um texto por dia (pelo menos...), para que o blog fique sempre movimentado.
E, com menos de 3 meses de criado (a primeira postagem foi em 15/08/2010), já alçamos mais de 6600 visitas e 124 seguidores públicos oficiais.
Isto me faz muito feliz!
E fico realmente encantado quando leio os comentários postados no blog sobre cada um dos poemas...
Por isso, resolvi fazer uma espécie de retrospectiva, misturada com uma "segunda chance".
Vou ver, agora, todos os poemas que eu tenha alguma predileção e que, eventualmente, não tenham sido objeto de qualquer comentário no blog. Vou repostá-los em seguida a esta mensagem, de forma que possam ter uma nova oportunidade de conhecê-los (já que postagens muito antigas normalmente não são mais procuradas por quem acessa o blog pela primeira vez).
Vou criar este hábito, "reciclando" todos os textos que tenham sido postados no início do blog, ou seja, na data de hoje, há cerca de três meses. Como estamos no início de novembro, vou respostar todos os de agosto nos próximos dias. Mês que vem, farei os de setembro e assim sucessivamente...
Tomara que cada poema possa encontrar alguém que esteja precisando lê-lo...
Beijos para quem é de beijo, abraços para quem é de abraço,

Rodolfo Pamplona Filho

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

O que posso te oferecer...

O que posso te oferecer...

Rodolfo Pamplona Filho
Eu não posso te oferecer nada...

Eu não posso te oferecer
a tranqüilidade de uma relação
sem sobressaltos e sustos
ou sem um pouco de tensão...

Eu não posso te oferecer
um encontro diário e demorado,
com a construção de uma rotina
e de um canto sossegado

Eu não posso te oferecer
um casamento estável
com cara de bom-dia
e de um cumprimento amável

Eu não posso te oferecer
sequer a minha física presença,
pois o risco do contato
recomenda a minha ausência

O que posso te oferecer?

O que posso te oferecer...
é a certeza de um amor
maduro como poucos
e forte como meu calor

O que posso te oferecer...
é a adrenalina da tensão
de buscar o mais breve contato
explodindo de tesão

O que posso te oferecer...
é uma vida independente
de qualquer rótulo ou marca
que queiram colocar na gente

O que posso te oferecer...

O que posso te oferecer...
é a segurança de um abraço...
é a gostosura de um amasso...
é tê-la sempre em meus braços...

O que posso te oferecer...
é a risada da travessura
é a palavra amiga na angústia
é a cumplicidade na loucura

O que posso te oferecer...
é minha presença espiritual:
não tirarei você da minha vida,
nunca mais me sentirei mal...

O que posso te oferecer...
é suprir toda carência
é conhecer além da casca
é tudo que sou na essência.

Salvador, madrugada de 03 de outubro de 2010.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Oração de Paraninfia

Oração de Paraninfia

Rodolfo Pamplona Filho

Excelentíssimo Diretor da Faculdade,
meu amigo Celso Castro, por nobreza,
em nome de quem saúdo, de verdade,
todos os membros desta ilustre mesa.

Não poderia deixar de saudar, porém,
o ilustre Prof. Fernando Santana,
Coordenador firme e de quem
sou eterno aluno e seguidor, com gana.

A maior glória acadêmica, em curso,
é formal e solenemente celebrada
com o proferir de um longo discurso,
em forma de aula magna preparada.

Isto é uma enorme honra que traz
alegria para qualquer professor,
mas, para mim, é muito mais:
verdadeira prova de amor.

Em um corpo docente estrelado,
culto e extremamente qualificado,
escolher alguém que nunca foi lembrado
soa como um ato muito ousado

ou talvez de doce loucura
em uma verdadeira travessura:
escolher alguém fora do padrão
para proferir esta oração.

E, por isto mesmo, eu não poderia
redigir algo diferente de uma poesia,
para agradecer, com toda emoção,
tudo que passa no meu coração.

Somente uma turma muito especial
poderia fazer este carinho sensacional
em quem sinceramente vem confessar
que aprendeu honestamente a os amar

Vocês não têm idéia de como é raro
um professor de trabalho ser paraninfo!
E o melhor exemplo foi meu amado
pai intelectual Rodrigues Pinto!

Que também, em uma única vez,
foi lembrado para esta honraria,
por turma alternativa da mesma tez,
que colou grau nesta reitoria.

E vocês não limitaram a brincadeira,
pois o patrono também é um laboral:
o Professor Jonhson Meira,
outro exemplo de vida feomenal!

E o professor destinatário de preito
é Wilson, patrono da minha formatura,
a quem rendo sempre meu respeito,
com carinho, admiração e candura!

O nome da turma é Eugênio Lyra,
uma homenagem super adequada,
que, das glórias do passado, retira
a justiça necessária e apropriada.

Seu Chico é o funcionário homenageado,
uma verdadeira figurinha carimbada,
tantas vezes aqui lembrado,
que sua vaga será sempre reservada.

Geninho é, da turma, o amigo acolhedor!
Mais que isso: é o ombro para chorar,
confidente de amores, fiel torcedor
das vitórias e provas a enfrentar.

Cada formando tem de ser citado
para que este poema faça sentido,
como um presente coletivo outorgado
por quem se sentiu realmente querido.

Começo com Dafne, filha de devoção,
"Lady Kate" de Condeúba, aqui presente,
a quem dedico uma especial emoção
da amizade feita de forma consciente.

Outro amor paternal construído
foi com a querida Paloma Solla,
cujo acompanhamento foi ao infinito
em contatos inesperados fora de hora...

Com o Sr. Florisvaldo Alves de Almeida,
por todos conhecido por Seu Flor,
vi um exemplo de vida alvissareira,
superação, orgulho da família e amor.

Marília Portela Barbosa,
minha aluna em tantas matérias,
será minha colega trabalhista operosa
e companheira de lutas etéreas!

Mayana Ferreira Barbosa
é por todos conhecida como May
e tem do trote uma lembrança gostosa;
uma blusa pintada cuja tinta não sai...

Lázaro não foi para o café dos amigos,
mas preencheu, por e-mail, o formulário,
e lembrou da sua primeira audiência comigo,
e, agora, é meu afilhado honorário!

Paulo Sérgio Souza Andrade,
quase levou um nocaute meu,
mas é querido e presente na almofada da saudade,
que, como paraninfo, a turma me deu.

Camila Sombra, mestranda ilustre,
já é um orgulho para todos nós,
desenvolverá altos estudos na USP
e, em direitos humanos, será nossa voz!

Rebeca é talentosa e dedicada aluna,
com cursos em intercâmbio na Europa,
mas não me concedeu ainda a fortuna
de tê-la como membro de minha tropa.

Juliana sonha em intervir
na sociedade para transformação,
com o reconhecimento, que há de vir,
do Direito Animal, em consolidação.

Com Karine Mendonça, nossa oradora.
compartilhei momento de delicadeza,
ao ir junto com meus filhos
na criação do Jardim Gentileza.

Fausto é, do SAJU, figura dedicada
além, da faculdade, o cara mais popular,
super engajado e de mente afiada,
interpretou Gomez Addams, sem pestanejar.

Lucas Moreira Ramos, na moral,
é consciente da realidade social,
mas seu prazer é ver - quem diria? –
o futebol do Prática Etílica e do Bahia

José Ramiro, o rubro-negro Ramirão,
meu aluno em sala, corredor ou sol,
embora seu momento de maior emoção
tenha sido o título do torneio de futebol!

Conheci Juliano em uma exposição,
que fiz no pátio da cantina,
sobre a importância da reflexão
e da pesquisa como uma sina.

Por motivos alheios à nossa vontade,
não podemos contar com Luis Cláudio,
mas sua presença, na realidade,
está em nosso orgulho e gáudio.

Membro honorário da turma
é meu orientando Edney Tony Star(k),
que, mais do que minha imitação diurna,
fez uma monografia de arrasar!

Toda esta galera maravilhosa
somente seria encontrada em um lugar!
Na nossa gloriosa e formosa
Faculdade de Direito da UFBA,

que completa 120 anos de existência,
neste ano de 2011, no calendário,
vinte anos dos quais eu vivi,
já que ingressei, como aluno, no seu centenário.

Celeiro de talentos e juristas,
orgulho do estado e da nação,
onde nasceram verdadeiros artistas
e teses seminais de pura razão!

É hora, porém, de o discurso arrematar,
já que ele não pode ser muito longo:
tem de uma mensagem passar,
mas com um tamanho que não dê sono!

Mas a oração não estaria completa
sem uma sincera benção de despedida,
pois, neste momento de festa,
é meu dever deixar uma lição de vida.

Eu não preciso lembrar a toda a gente
do que eu nunca quero esquecer,
que serei seu padrinho eternamente
até mesmo depois de morrer!

Por isso, meus afilhados,
nesta mensagem final,
quero deixar registrado
meu compromisso formal

de acompanhá-los o resto do tempo
que o destino divino nos autorizar,
ajudando-os a correr com o vento
e crescer nas carreiras que adotar

Pois procurar o novo é
uma viagem que nunca termina...
Desnudar-se da cabeça ao pé
é algo que só a intimidade ensina.

Por isso, não tenham medo
de buscar sempre a felicidade,
pois é muito comum cansar cedo
de lutar em qualquer idade...

O conforto que todos desejam só
não pode virar simples comodidade,
como se sonhos virassem pó
ou se perdessem com a maioridade...

Se, como já falei em rima,
em toda e qualquer praça,
a boa palavra ensina,
mas é o exemplo que arrasta,

Vocês devem guardar em sua mente
tudo de bom que transmitimos,
pois construiremos nova gente
com as boas ações que sentimos!

Não sei por quanto tempo ainda viverei,
nem qual será o juízo da minha história,
só acho que as vidas que alcancei
tornaram feliz a minha trajetória.

Pois nada foi mais importante
do que fazer amigos por onde passei,
mesmo no ambiente mais sufocante,
alguma boa semente espalhei

de nunca anestesiar meu indignar,
nunca aceitar a miséria como normal,
nunca deixar de, nas pessoas, acreditar
e nunca desejar aos outros o mal!

Acredito a promessa ter cumprido
de fazer um discurso abrangente
que possa eventualmente ser aplaudido,
sem deixar de tocar o coração da gente.

Foram exatos duzentos e quatro versos
dedicados a estes formandos
e, agora, eu desejo (e me despeço)
sorte, saúde e paz nos vindouros anos.

Praia do Forte, 01 de janeiro de 2011.