terça-feira, 17 de abril de 2012

O quarto em desordem

O quarto em desordem

Carlos Drummond de Andrade
Na curva perigosa dos cinquenta
derrapei neste amor. Que dor! que pétala
sensível e secreta me atormenta
e me provoca à síntese da flor

que não sabe como é feita: amor
na quinta-essência da palavra, e mudo
de natural silêncio já não cabe
em tanto gesto de colher e amar

a nuvem que de ambígua se dilui
nesse objeto mais vago do que nuvem
e mais indefeso, corpo! Corpo, corpo, corpo

verdade tão final, sede tão vária
a esse cavalo solto pela cama
a passear o peito de quem ama

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4 comentários:

  1. Poeta,
    Acho que ninguém, nunca, eu nenhum idioma conhecido ou por descobrir, vai conseguir descrever com mais beleza como é que bate o coração de quem ama(principalmente na cama..) Essa estrófe final não se submete ao olvido. A gente lê uma vez e fica com ela para sempre. Drummond, lindo!
    Beijo,
    Beatriz.

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  2. Cara Beatriz

    Não tenho a menor dúvida disso!
    Drummond é encantador e fascinante!
    Nunca cansarei de lê-lo!
    Beijos,

    RPF

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    Respostas
    1. podemos dizer que a verdade final do amor é a verdade do corpo : ojetivo vago e interdito ?

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    2. Confesso que não sei a resposta...
      Att.,
      RPF

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