sábado, 30 de junho de 2012

Dez microcontos sobre o nosso cotidiano

Direto do Blog do Sakamoto, no UOL

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Dez microcontos sobre o nosso cotidiano

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Tenho postado no Facebook pequenos contos e crônicas sobre o nosso dia-a-dia. Já havia trazido para o blog dois pacotes deles, relacionados à capital paulista. Trago mais dez histórias urbanas, lembrando que a vida é feita pela somatória dos causos de cada um de nós e não por grandes narrativas de heróis, como bem diria Brecht.
Para ver as crônicas e contos já publicados, clique aqui e aqui. E agradeço imensamente quem inspirou a produção até aqui.
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Pouco antes da aurora, instalava o violoncelo entre caixas de frutas e verduras douradas pelas lâmpadas do entorno do Mercado Municipal. E, com a cumplicidade dos feirantes, a curiosidade dos transeuntes e a anuência dos mendigos, tocava a Suite no. 1 em Sol Maior de Bach. Tudo parava. Então, sumia, dando passagem à manhã. Ninguém sabia quem era ou o porquê. Temiam que aquilo perdesse sentido com uma explicação.
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Ninguém sabe como o incêndio começou. Quando o colorido da favela deu lugar às brasas escuras, ecos de lamentos se fizeram ouvir. Menos de Mauro, que pensava coisas do horizonte. Fabrícia chegou do serviço e ele abraçou seu pranto. “Queimou besteira só. Minha casa é você, sua casa sou eu.” Os jornalistas guardaram seus bloquinhos em um nó da garganta. E, naquele bairro, números viraram pessoas pela primeira vez.
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Nasceram no circo. Ele, palhaço. Ela, gerente. Foram felizes juntos até que a lona ficou pequena para a moça. Durante uma temporada em Botucatu, lhe prometeram o mundo. Poucos minutos antes do espetáculo, Tião encontrou um bilhete. Dizem que ele nunca foi tão engraçado quanto naquela noite. O elefante, que conhecia a verdade, permaneceu em silêncio ao ver as piruetas do palhaço. E, com pena dele, chorou.
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José lhe fez uma canção. Depois, foi tentar a sorte na Cidade Maravilhosa. Prometeu que seria sempre a única. Ano passou e o silêncio tomou lugar no seu peito. Enfrentou 24 horas de distância e, depois de muito procurar, ouviu aquela melodia. Sorrindo, correu. Mas, ao entrar na praça, o viu em serenata para outra galega. Não se fez notar, nem chorou. Hoje, ainda acredita no amor. Mas jogou fora a vitrola e o violão.
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Quatro pilhas. Com isso, Taís tinha um bebê. Ela e as amigas brincavam no parquinho quando encontraram Maria e sua dona, uma boneca de pano sem um braço, caolha e encardida. Taís contou que a sua falava, andava e fazia xixi. Já a de Maria foi rainha e médica, descobriu tesouros e pisou na lua. Todas a acharam louca e se foram. Então, um homem de muitos outonos a abraçou e disse: “Às vezes, ter tudo é não ter nada”.
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Era tímido. Por isso, um tal de Cadu fofocou que ele se apaixonara pelo único gay assumido da repartição. Em silêncio, ouviu muito. Na festa de Natal, um coro pediu um beijo dos dois. Sentiu vergonha, mas também um sentimento bom há tempos enterrado. Agarrou o rapaz bonito, dando um beijo que calou a balada. Os dois farão uma cerimônia civil em agosto. Queriam Cadu como padrinho, mas ele abaixa a cabeça quando os vê.
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‎”Tem bolo de chocolate?” As cozinheiras, que apimentavam a vida dos outros, perceberam que ele pedia sempre para a mesma pessoa. Ela ficava vermelha, feito morango de torta, mas alimentava o rapaz tímido com sorrisos. Certo dia, o chocolate acabou. Antes que se fosse, a garçonete tomou coragem e lhe deu um bombom. Embrulhado nele, um número de telefone. Após marcar um encontro, ele suspirou. Não gostava de doce.
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Alguns jogam. Outros são bonitos. E há os engraçados. Ele impressionava contando histórias. Então a conheceu. Queria que ela despertasse com cravos vermelhos, mas não era de posses. Pensou em redigir as próprias flores, mas não era iluminado para a poesia. Resolveu escrever-lhe um conto por dia, fazendo rir e chorar. Não se sabe se suas palavras tocaram o coração dela. Mas ao narrar os sentimentos, entendeu o mundo.
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Não conseguia ficar acordado. E, por sofrer bullying, fez a faculdade em silêncio. Entre um jovem rico e ele, quem perderia a bolsa? Quando lhe puseram um cobertor velho, sob o riso do professor, engoliu o nó e agradeceu. No final, ao pegar o diploma, procurou os pais, mas só viu dois tiquinhos deixados de herança. Teve pena. Não dele, mas do mundo. E, com os irmãos pelas mãos, foi longe. Sem nunca olhar para trás.
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No dia em que foram morar juntos, escolheram a parede mais branca e desenharam seus sentimentos. O tempo, contudo, é um solvente imperdoável. Ele, em desespero, cobriu tudo com demãos de raiva, rancor e dor numa única madrugada. Anos se passaram e, por capricho, a parede começou a descascar. Ligou para ela e juntos removeram as camadas ruins. Choraram. Riram. Hoje, os desenhos estão emoldurados na casa de cada um.

sexta-feira, 29 de junho de 2012

A vida é bela!

A vida é bela! 
Hoje resolvi mudar.
Quero sair do marasmo,
Viver a vida com entusiasmo
Para poder me preservar.
 
Me preservar da chatice
Da rotina do dia-a-dia.
Me preparar para a velhice.
Que está chegando dia após dia.
 
Começo, meio e fim
Tem a nossa existência.
Quero vivê-la com sapiência.
 
Não estou numa torre de marfim
Mas, com perseverança e tenacidade
Espero solvê-la com mais serenidade.
 
(Paulo Basílio – 20/07/2011)

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Pecados - minicontos

Pecados - minicontos
José Antonio " <joseacfran2@hotmail.com>


Luxúria
Um perfeito violão; silhueta de seu corpo, vestido de cetim azul.  Seus
lábios grossos; o desejo. O olhar; eu. Sem verbo ou palavra. O amor se fez
carne.

Ira
Freada brusca. Um longo grito...
Fuga do local do crime. Tiros perdidos e som de sirene. O vermelho estava
aceso, na encruzilhada devassada, e o sangue foi sugado pelo asfalto.

Preguiça
O vento suave do final do inverno passando lentamente por entre seus dedos
descobertos. A garrafa de vinho estava ao seu lado e a rede, levemente,
conduzia o seu corpo. O pêndulo do cansaço e da indiferença.

Gula
Ao sorver o último gole do café matinal, Ulisses pensou no que faria até o
almoço. Decidiu ir até a quitanda. Passaria no açougue e na padaria.

Inveja
Não suportava vê-la feliz. Hoje inventaria alguma coisa para lhe retirar
aquele sorriso da face. O mundo é muito cruel para alguém sorrir.

Avareza
Era o aniversário do filho e decidiu dar-lhe um presente, o primeiro.
Comprou-lhe um livro no sebo: Angústia, G. Ramos, capa dura; oito reais. O
filho faria 62 e ainda morava com o pai. Único.

Soberba
Jamais permitiu que alguém lhe ajudasse. Seria a dor mais terrível que
poderia sentir; a prova de que seria incapaz de resolver suas demandas.
Recusou enfurecido o pão que a velha mulher lhe ofereceu e se levantou do
banco da praça, sua mais recente moradia. Iria para outra cidade.

São Paulo, 29.7.2011

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Filosofando em Alemão


Filosofando em Alemão

Rodolfo Pamplona Filho

Nós somente podemos filosofar em alemão.
Quem disse que "sol" é masculino?
Quem disse que "lua" é feminino?
Por que nós identificamos a natureza?
Por que nós damos à natureza um determinado gênero?
O Sol, El Sol, Le Soleil, Il Sole ...
A Lua, La Luna, La Lune, La Luna ...
Se for para atribuir gênero, quem dá vida é sol e a lua é o guardião ...

Salvador, 09 de setembro de 2011.

terça-feira, 26 de junho de 2012

TENHA IDADE, MAS NÃO SEJA VELHO! (ou velha)

TENHA IDADE, MAS NÃO SEJA VELHO! (ou velha) 
(Nicolau Amaral)

Poupe um pouco para sempre ser independente financeiramente.
Não precisa ser muito, não comprometa o prazer que o dinheiro pode lhe dar em razão de um tempo maior de velhice, que pode até não acontecer, se você morrer breve.
Além disso, um idoso não consome muito além do plano de saúde e dos remédios.
Provavelmente, você já tem tudo e mais coisas só lhe darão trabalho.
Pare também de se preocupar com a situação financeira de filhos e netos, não se sinta culpado(a) em gastar consigo mesmo o que é seu de direito.
Provavelmente, você já lhes ofereceu o que foi possível na infância e juventude, assim como uma boa educação.
Portanto, a responsabilidade agora é deles
.
Não seja arrimo de família, seja um pouco egoísta, mas não usurário(a)
.
Tenha uma vida saudável, sem grandes esforços físicos.
Faça ginástica moderada, alimente-se bem,  mas sem exagero.
Tenha a sua própria condução, até quando não houver perigo.
Nada de estresse por pouca coisa.
Na vida tudo passa, sejam os bons momentos que devem ser curtidos, sejam os ruins que devem ser rapidamente esquecidos.

Namore sempre, independente da idade, com sua "velha"
(ou velho) companheiro(a) de caminhada.
O amor verdadeiro rejuvenesce.
As "Maria-gasolina" estão por ai e, um idoso, mesmo de classe média,é sempre uma garantia de futuro para as espertalhonas.
Esteja sempre limpo(a). Um banho diário, pelo menos.
Seja vaidoso(a), frequente barbeiro (cabeleleiro), pedicura, manicure, dermatologista, dentista, use perfumes e cremes com moderação e, por que não,  uma plástica?
Já que você não é mais bonito(a), seja pelo menos bem cuidado(a).
Nada de ser muito moderno(a), nem tente ser eterno(a).
Leia livros e jornais, ouça rádio, veja bons programas na TV, acesse a internet, mande  e responda e-mails,
ligue para os amigos. 
Mantenha-se sempre atualizado(a) sobre tudo.
Respeite a opinião dos jovens. Eles podem até estar errados, mas devem ser respeitados.
Não use jamais a expressão "no meu tempo", pois o seu tempo é hoje. 
Seja o dono(a) da sua casa por mais simples que ela possa ser. Pelo menos lá você é quem  manda.
Não caia na besteira de morar com filhos, netos, ou seja lá o que for. Enfim, não seja hóspede. Só tome esta decisão quando não der mais e o fim estiver bem próximo.
Você está no período do ronco e da flatulência.
Um bom asilo também não deve ser descartado e pode até ser bem divertido. Você irá conviver com a turma da sua geração e não dará trabalho a ninguém.
Cultive um "hobby", seja caminhar, cozinhar, pescar, dançar, criar gato, cachorro, cuidar de plantas, jogar baralho, golfe, velejar ou colecionar algo.
Faça o que gosta e os seus recursos permitam.
Viaje sempre que possível, de preferência,vá de excursão, pois além de mais acessível, pode ser financiada e é uma ótima oportunidade para se conhecer novas pessoas.
Aceite todos os convites de  batizado, formatura, casamento, missa de sétimo dia, o importante é sair de casa.
Fale pouco e ouça mais
.A sua vida e o seu passado só interessam a você mesmo.
Se alguém lhe perguntar sobre  esses assuntos, seja sucinto(a) e procure falar coisas boas e engraçadas.
Jamais se lamente de algo.
Fale baixo, seja gentil e educado(a), não critique nada, aceite a situação como ela é.
As dores e as doenças estarão sempre presentes; não as torne mais  problemáticas do que são falando sobre elas.
Tente sublimá-las. Afinal, elas afetam somente a você e são problemas seus e dos seus médicos.
Não fique se apegando em religião, depois de velho(a), rezando e implorando o tempo todo como um  fanático. 
O bom é que, em breve, seus pedidos poderão ser feitos pessoalmente ELE.

Ria, ria muito, ria de tudo, você é um felizardo, você teve uma vida, uma vida longa, e a morte será somente uma nova etapa incerta, assim como foi incerta toda a sua vida.
Se alguém disser que você nunca fez nada de importante, não ligue.
O mais importante já foi feito: Você!

O autor, Nicolau Amaral é empresário da área de Comunicação, formado em Relações Públicas pela Faculdade de Com. Social Anhembi.
 MENSAGEM PARA OS COROAS. É BOM LER, LEMBRAR OS DIZERES E SER FELIZ !!!

segunda-feira, 25 de junho de 2012

AUF DEUTSCH PHILOSOPHIEREN

AUF DEUTSCH PHILOSOPHIEREN

Rodolfo Pamplona Filho

Wir philosophieren gerade auf Deutsch.
Wer Behauptet Dass “Sonne” Männlich ist?
Wer Behauptet Dass “Mond” Weiblich ist?
Warum identifizieren Wir die Natur mit?
Warun geben Wir der Natur einen Bestimmten Genus?\
O Sol, El Sol, Le Soleil, Il Sole...
A Lua, La Luna, La Lune, La Luna...
Wenn es um Gender-zuweisen ist, ist Leben spendende Sonne den Mond ist die Hüterin ...

Salvador, Freitag, Der Neunter September Zweitausendelf (09.September.2011).

domingo, 24 de junho de 2012

Festa de São João


Festa de São João






São João oh meu São João...

Festa alegre e por todos festejada

Tem canjica, milho, bolo e quentão

Quadrilha, casamento na roça, namoro escondidin...

Tem forró, xaxado e baião



Muitos vão para o interiô

Com intenção de o máximo aproveitá

Alugam casas ou vão em excursão

A grande missão é se alegrá



Alguns ficam mesmo na capital

Por causa de vários motivos

Aproveita a festa de outra forma

Com licores e aperitivos



Essa é uma festa bastante popular:

Todos os produtos consumidos são nacionais

A melhor vestimenta é a caipira

A mesa do pobre e do rico são iguais.



Viajando ou não um conselho eu dou:

Brinque com juízo e não solte balão 

Evite os fogos e nas bebidas moderação

Aproveite a festa e tenha um Feliz São João!!