sábado, 15 de dezembro de 2012

As Regras de Ouro do Cafajeste

As Regras de Ouro do Cafajeste

Darci HF
1) Nunca vacile: sempre se preserve;

2) Nunca se apaixone;

3) Nunca admita;

4) Nunca coloque o nome de seu confidente na discussão;

5) Nunca tome decisões definitivas de cabeça quente;

Salvador, 03 de abril de 2011.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Duas pessoas tentando por muito tempo

Duas pessoas tentando por muito tempo
Dizer o que não conseguem mais dizer
Buscam um sentimento que antes vinha fácil.

O que podia ser expressado de forma fácil
E que agora se perde e se prende num passado.

Duas pessoas sentindo medo de dizer
Não quero mais seus braços...

Duas pessoas se privando de romper
São duas pessoas deixando de viver...

Anna Kelly Bastos

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Soneto para a Princesa

Soneto para a Princesa

Rodolfo Pamplona Filho

Como explicar tal beleza,
que emana com tanta clareza,
do meu ideal de nobreza,
que é minha amada princesa?

É ela a minha mais perfeita lindeza,
a quem dedico, com certeza,
toda a minha inocente pureza
e meus sonhos de grandeza...

Se tenho um momento de tristeza,
que é minha forma de defesa,
é quando encontro a frieza

de um mundo que prestigia a riqueza,
em vez de conhecer a surpresa
de só amar você, minha alteza!

Salvador, 02 de novembro de 2011.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Qual a sua definição de poesia? Ousando complementar Leminsky, para cumprir uma promessa...

Qual a sua definição de poesia?
(ousando complementar Leminsky...)

POESIA:
“words set to music”(Dante via Pound),
“uma viagem ao desconhecido” (Maiakóvski),
“cernes e medulas” (Ezra Pound),
“a fala do infalável” (Goethe),
“linguagem voltada para a sua própria materialidade” (Jakobson),
“permanente hesitação entre som e sentido” (Paul Valery),
“fundação do ser mediante a palavra” (Heidegger),
“a religião original da humanidade” (Novalis),
“as melhores palavras na melhor ordem” (Coleridge),
“emoção relembrada na tranqüilidade” (Wordsworth),
“ciência e paixão” (Alfred de Vigny),
“se faz com palavras, não com idéias” (Mallarmé),
“música que se faz com idéias” (Ricardo Reis/Fernando Pessoa),
“um fingimento deveras” (Fernando Pessoa),
“criticismo of life” (Mathew Arnold),
“palavra-coisa” (Sartre),
“linguagem em estado de pureza selvagem” (Octavio Paz),
“poetry is to inspire” (Bob Dylan),
“design de linguagem” (Décio Pignatari),
“lo impossible hecho possible” (Garcia Lorca),
“aquilo que se perde na tradução (Robert Frost),
“a liberdade da minha linguagem” (Paulo Leminski)...
"Meu coração fora do peito" (Fernanda Carvalho Leão Barretto)
"Porque tu sabes que é de poesia minha vida secreta" (Hilda Hilst)
"minha vida predileta, como um baile (espetáculo de música [melodia] somado à dança [marcações]) das palavras, em linhas, a encenar os mais íntimos sentimentos do poeta ou dos que ele capta da sua infinita platéia!" (Amanda de Almeida Santos)
"A essência da alma em palavras" (Rodolfo Pamplona Filho)
"Verdade indo a um baile de carnaval..." (Yumi Kanzaki)
"A chave-mestra que abre caminho para o despertar dos mais diversos sentimentos e sensações... " (Leiliane Aguiar)

Fique à vontade para mandar a sua...

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

MINHA CIDADE SÃO AS PESSOAS

MINHA CIDADE SÃO AS PESSOAS

F. Carpinejar
O que faz gostar de uma cidade são as pessoas. A amizade é o ponto turístico que resiste ao tempo.

Minha vontade de conhecer mais as praças, os bares e restaurantes depende de alguém emocionado com sua rotina.

Lugarejos ficam atraentes com o entusiasmo de seus moradores. Nem requer grandes monumentos de Antonio Caringi, façanhas arquitetônicas de Álvaro Siza, desenhos de Oscar Niemeyer, paisagens de Burle Marx, mas o cuidado com as singelezas maravilhosas de seu bairro.

O que me seduz é como o morador desenrola o mapa discreto do seu dia a dia. É quando valoriza as quadras de seu mundo, e tem interesse em mostrar onde é o minimercado em que compra suas urgências, a cafeteria que cura sua ressaca, a floricultura que devolve sua esperança no amor.

O arrebatamento surge mais pela ternura do embrulho do que pelo presente. Papel dobrado com fita reflete o dobro de confiança.

A generosidade torna qualquer local agradável, e repõe a gana de voltar. Carisma de garçons salva restaurantes. Simpatia de manicures salva salões. Paciência de atendentes salva lojas.

Não há maior educação do que a alegria.
 
Sou influenciável pelos personagens comuns que não se esgotam em acordar cedo e falar bem de seus percursos. Fogem do elogio da lamúria. Retiram milagres das repetições.

Os amigos formam minha cidade. As ruas que passo mereceriam nomes das pessoas que amo. Deveria mudar as placas dos logradouros: nada de políticos e celebridades, mas quem é famoso secretamente em meu silêncio.

Moraria na Rua Cínthya Verri, médica e terapeuta, paralela às ruas Mariana Carpinejar e Vicente Carpinejar, que eu não sei ainda o que eles serão, mas já são tudo como filhos. Os pais, Maria Carpi e Carlos Nejar, teriam direito a duas avenidas do tamanho da Assis Brasil e Ipiranga.

Batizaria o viaduto que me leva ao centro de Mário e Diana Corso, casal de confidentes. Seria Diana para quem chega e Mário para quem parte ao interior do Estado.

O mercado público ganharia a graça de Luiz Ruffato, irmão de prosa que cataloga frases de efeito. Chamaria o teatro de Cíntia Moscovich, a casa noturna de Renato Godá, o shopping de Eduardo Nasi, a Biblioteca Pública de Rosemary Alves, a orquestra de Francesca Romani, a Agência de Correios de Fernanda Seelig. Honraria o Jardim Botânico com um professor fundamental, Luís Augusto Fischer, que me alcançou uma lição preciosa: somos mais inteligentes criando novas dúvidas do que repetindo certezas. Convocaria um colorado, Paulo Scott, para assumir a posteridade do estádio.

Desejaria indicar o crítico Daniel Piza para ser minha rodoviária, espaço em que ocorrem as mais pungentes despedidas. Mas ele morreu na última sexta, aos 41 anos, de AVC. Não dá mais.

Amigo vivo é rua, amigo morto é estrela.

Daniel Piza vai piscar conselhos para mim toda noite.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Soneto do Saco Cheio

Soneto do Saco Cheio

Rodolfo Pamplona Filho
Há dias em que
tudo o que se vê
é o mundo a ferver
e um pescoço a torcer...

Uma vontade de desaparecer,
aliada a uma sensação de vazio,
que dá desejo de morrer
só, com fome e com frio.

Estar de saco cheio
é o mais evidente meio
de revelar o sentimento interno

do desejo de mandar
todos para pastar
e o mundo para o inferno

Salvador, 22 de dezembro de 2011.

domingo, 9 de dezembro de 2012

O espaço entre as mentiras perversas que contamos a nós mesmos

O espaço entre as mentiras perversas que contamos a nós mesmos
para que nos mantenhamos salvos da dor (que falsa dor) por medo de viver o que realmente queremos viver... 
Esse espaço me leva até você
Nesse jogo somos aliados com os corações em guerra!
Tocamos no fundo eu e você, com os dedos molhados
Eu não quero que você vá, mas você deve
Seria tão bom se pudesse ser...
Seria tão bom, quanto bom pode ser!
Acordar nú e beber do meu café
Fazendo planos para mudar o mundo, o nosso mundo...
Enquanto o mundo está mudando para nós.
Seria tão bom se bom pudesse ser
Rir com você debaixo das cobertas
Então o que fazer com o resto do meu dia?
É estranho, como mudamos, como as coisas vivem mudando
O que você quis ontem e o que eu quero hoje, não eram esses nossos sonhos... nossos planos, mudamos!
Eu hoje quero dançar com você, sem mentiras perversas contadas a nós mesmos para não magoarmos aos outros 
Eu quero ser você e eu
Mas que dia é hoje? Além de ser o dia em que nos veremos?
Então o que fazer com o resto da tarde deste dia?

Anna Kelly Bastos