PORTAIS DO DESESPERO
No firmamento cálido de pedras
Polidas e talhadas com esmero,
Vaga nesses portais do desespero
O meu espectro pálido que redras,
Podando as alegrias que eu quero
Para avultar a sordidez que engendras
E ver brotar a podridão que medras,
Nessa parca existência que oblitero.
Vais consumindo pouco a pouco as graças
De outros espectros que rodeiam o caos
No espaço-tempo de guardar tuas caças.
Mas lá no fundo um acalento faço:
Que antes do alvor de um desses dias maus
Serei eu a sorrir do teu fracasso.
Alexandre Roque, 24 de janeiro de 2011
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