domingo, 7 de setembro de 2014

Chega de desculpas esfarrapadas


O ímprobo virou bobo

Para dirimir dúvida o mais correto, e no mínimo sensato, é recorrer a
quem de verdade pode ajudar, com respostas reais e dentro de um
contexto lógico. Com o escrevente não é diferente. Pintou dúvida no
momento da escrita, não titubeie e, utilizando os preceitos da
humildade, busque a didática, seja através de uma gramática ou de um
dicionário.

Partindo dessa premissa, recorri à semântica, o estudo do significado
das palavras, para saber o que tem em comum, além do som os adjetivos
‘bobo’ e ‘ímprobo’. Entre outros significados, descobri que bobo quer
dizer:

Que ou quem revela superficialidade, frivolidade (fútil), falta de
inteligência (estúpido, idiota, imbecil, pateta e tolo) e quem é muito
ingênuo (simplório e tonto).

Já o ímprobo é aquele que não tem probidade, que é moralmente mau (desonesto).

A conclusão é um tanto que estarrecedora. O bobo raramente é um
ímprobo, enquanto o ímprobo, geralmente torna-se um bobo, um inútil,
estúpido, idiota, imbecil e outras “qualidades” que só o bobo deveria
possuir. Vai entender...

As fábricas de óleo de peroba (lustra móveis) não dariam conta de
produzir a quantidade suficiente para atender o grande número de
gestores e legisladores públicos caras de pau existente no Brasil.

Conhecer o significado das palavras é importante, pois só assim o
falante ou escritor será capaz de selecionar a palavra certa para
construir a sua mensagem. Como foi exemplificado anteriormente é um
pouco quanto complicado diferenciar figuras que mesmo não fazendo
parte, necessariamente, da mesma cadeia ou grupo social, passam a se
identificar a partir dos significados que lhe são atribuídos através
dos seus atos ou do posto que ocupem.

Chega a ser repugnante ter acesso às mais ridículas e nunca
convincentes desculpas esfarrapadas de gestores públicos acusados, e
até mesmo já condenados, por quem de direito, arrotar inocência e, ou,
atribuir a culpa em “falha técnica”, por terem suas contas rejeitadas
por irregularidades ao causar prejuízo ao erário atentando contra os
princípios norteadores da administração pública.

Morosidade, lentidão, conveniência, falta de estrutura administrativa
e funcional, interpretação da legislação de formas diferentes, o que
permite recursos, recursos e mais, recursos, estrutura... o que
realmente tem acontecido nas demoras dos julgamentos e condenações dos
acusados de crimes eleitorais e malversação do erário público por
parte da Justiça?

“Quase” que generalizando, o cientista político, Wanderley Guilherme
dos Santos*, em um dos seus artigos salienta que “as autoridades
contratadas, via eleições, para administrar os recursos das
comunidades, não estão oferecendo serviços à altura do acordado e o
pior, estão se apropriando ilegalmente de parte desses recursos
públicos.

Retornando ao estudo da gramática, e sempre bom lembrar que corrupção
é o ato ou efeito de se corromper, oferecer algo para obter vantagem
em negociata onde favorece uma pessoa e prejudica outra. Tirar
vantagem do poder atribuído.

Enquanto honestidade é o ato, qualidade, ou condição de ser honesto,
aquele  que age corretamente, mesmo contrariando seus ou próximos
interesses, que age com escrúpulos, com decência, com honradez; que é
capaz de ser leal mesmo sem estar sendo vigiado ou fiscalizado.

Já a ‘humildade’ é a característica de quem tem e se manifesta em
virtudes de conhecer as suas próprias fraquezas e limitações. Sendo o
oposto à soberba, ao orgulho, a arrogância e a presunção. O humilde é
aquele que sabe exatamente o seu lugar no mundo, aquele que respeita,
aceita e sabe ouvir.



Gervásio Lima

Jornalista e historiador

* http://ultimosegundo.ig.com.br/politica/2013-08-02/wanderley-guilherme-dos-santos-corrupcao-publica-depende-de-corruptor-privado.html

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