Quando vejo tudo nos trilhos, me pergunto como teria sido, se o meu pai fosse meu filho...
Como partido, ele haveria tido um avô amoroso e bem estabelecido...
Uma avó cheia de alegria, que dá cambalhota e faz estripulia...
Uma mamãe 'molinha', que sorri, acaricia e conta historinha...
Isso tudo me faz pensar, amar e entendê-lo, sem condicionar...
Como teria sido a sua história? Guardo em memoria, gratidão à sua improvável vitória.
Não teria apanhado...e talvez tivesse jogado em muitos outros gramados...
Teria sido criança, teria feito lambança, sem ter tido de si roubada a infância...
Não teria passado fome, andado desconfiado, ou tido algum dia, seu samba discriminado...
Tido seu próprio sapato, não seria jamais emprestado, sobretudo calçado apertado.
Questioná-lo, ficou no passado!
Por este calo, todo o meu apreço, recompensa que nunca me esqueço...
A que me permite ser pai de um guri, tal qual o meu nunca teve pra si.
Adriano Deiró
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