Paulo Gondim
Impiedosa essa tristeza
Que me invade o peito
Sem querer sair
E da incerteza
Do que há de vir
Me vejo mais só
Sem a confiança
Ou mesmo esperança
De um dia sorrir
E no meu desconforto
Aumenta o desgosto
Do meu caminhar
Nessa estrada longa
Pela noite escura
Na minha amargura
Estou sempre a vagar
E vou sem destino
Nesse desatino
Que a vida me traz
No meu desencanto
Até mesmo o pranto
Já não tem razão
E assim se desfaz
Não há qualquer vaidade
Nesta dura realidade
Que é meu viver
Insólito, inóspito, talvez
Pois assim a vida me fez
Insensível ao que vejo
E no meu desprezo
Nem sei quem eu sou
E a dor não é menor
Apenas se acostumou
Com minha solidão
Como Sentinela
Ali, de prontidão
A me vigiar
De sua janela
A me acorrentar
Com os seus grilhões
Impiedoso esse tédio
Que não há remédio
Que o possa curar
E na minha dor
Vou eu como for
Por qualquer caminho
Pra qualquer lugar
E esse tédio insiste
E essa dor persiste
No meu lamentar
Como companhia
De minha agonia
Esta nostalgia
Que me faz chorar
E tudo em volta é solidão
Se o tédio é o eixo da questão
Se o viver não faz sentido
Se a esperança se desfaz
E por sentir-se assim perdido
Só a dor se faz Cortez
E na minha timidez
De amar, sei não ser capaz.
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