domingo, 19 de maio de 2024

Vênus

 


 




Jorge Tufic




Dá-me, Apeles, o sangue dos teus dedos


e as cores deste mar, espuma ardente


em que Vênus ressoa e se reparte


entre deuses e bichos, céus e terras,






para que a louve, prostituta imensa


feita de orgasmo e sol. Pombos e cisnes


a conduzem nos braços da Volúpia


onde ela exerce, pleno, o seu domínio.








Mas, de repente, queda-se cativa


de um mortal como Adônis. Tão completa


me parece esta deusa que seu brilho








tem, sobre nós, a calma perspectiva


de uma fúria saciada: um simples nome


que a eternidade rútila consome.






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