sábado, 27 de abril de 2013

O assassino era escriba


O assassino era escriba

 
Meu professor de análise sintática era do tipo sujeito inexistente.
Um pleonasmo, o principal predicado da sua vida, regular.
Regular como um paradigma da 1ª conjungação.
Entre uma oração subordinada e um adjunto adverbial, ele não tinha dúvidas:
sempre achavaum jeito assindético de nos torturar com um aposto.
Casou com uma regência.
Foi infeliz.
Era possessivo como um pronome.
E ela era bitransitiva.
Tentou ir para os EUA.
Não deu.
Acharam um artigo indefinido em sua bagagem.
A interjeição do bigode declinava partículas expletivas,
conectivos e agente da passiva o tempo todo.
Um dia, matei-o com um objeto direto na cabeça.
Professores de gramática, cuidado com o objeto direto!
                                                           Paulo Leminski
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