Rodolpho Parodi é o criador da
consagrada fórmula para determinar a idade ideal de uma namorada: dividir a
idade do homem por dois e somar quatro anos. Ele seguiu o método até o momento
em que o resultado começou a exceder 30. Foi quando decidiu aperfeiçoar a
equação com a inclusão de um teto
por MARCOS CAETANO
Em primeiro lugar, preciso
esclarecer que só aceitei publicar este depoimento porque uma estagiária bem
jeitosinha aqui da imobiliária, que acaba de completar 23 primaverinhas, me
disse – com aquele jeitinho de estagiária jeitosinha que acaba de completar 23
primaverinhas – que acharia irado ver o meu nome estampado nas
páginas desta revista, cujas capas, segundo ela, são sinistras. Confesso que não conhecia.
Minhas leituras vão mais na direção de
Cigar Aficionado e Yachts & Boats.
Não sou dado à promoção de minhas
conquistas amorosas, mesmo nutrindo um inegável orgulho por jamais ter pago um
drinque para mulher com mais de 28 anos. Foi assim quando eu era jovem, é assim
agora que eu estou do lado errado dos 50, ou seja, com mais de 55. O título da
matéria, ideia dela, teria que mencionar um certo tiozão, expressão que odeio:
sou filho único e solteirão convicto, de forma que morrerei sem passar perto de
me tornar tio. Mas ela é estagiária. E é jeitosinha. E tem 23 aninhos. Vinicius
de Moraes e Bill Clinton sabiam, como eu, apreciar o valor de uma
estagiária.
Diante do dilema de ter que
discorrer sobre a minha garanhice sem macular meus arraigados preceitos de
discrição, queimei as grisalhas pestanas para encontrar um ângulo capaz de
pingar uma nota de humildade no relato de um homem já deveras pelancudo, mas que
jamais teve o desprazer de deparar-se com pelancas alheias nesta vida. Não
abordarei a parte prazerosa de ser um conquistador veterano, mas do altíssimo
custo pago por alguém que decide levar uma vida como a minha. Não estou falando
de custo no sentido financeiro, embora ele evidentemente exista. Só de
medicamentos voltados à facilitação erétil eu costumo deixar cerca de 2 mil
reais por mês na farmácia /a>. Aliás, já está mais do que na
hora de o governo quebrar a patente, subsidiar ou baixar bem o preço desses
santos remédios. Depois do bolsa-escola, do bolsa-família, do bolsa-agricultura,
por que não o bolsa-saliência? É tão óbvio.
á uma lista interminável de coisas
humilhantes que um homem com mais de 50 anos tem que fazer para ter alguma
chance com as pré-balzaquianas, mas mencionarei aqui apenas as que mais me
ofendem. No topo da lista vem o uso de camisas xadrez de mangas curtas. Não sei
por que demônios as moçoilas pensam assim, mas elas só aceitam namorar um velho
se houver o consentimento social de que se trata de um velho descolado. De forma
que, da próxima vez que virem um veterano usando camisa xadrez, andando num
daqueles rídiculos skates longboards
(tenho dois, um deles motorizado), usando óculos de veado, tênis laranja e o utros acessórios constrangedores
do mesmo jaez, tenham certeza: ali vai uma alma humilhada, que se submete a
tamanhos ultrajes apenas por não conseguir viver sem uma namorada trinta anos
mais jovem. O mesmo se aplica aos pobres coitados que desfilam por aí com
cachorrinhos fofos, preferencialmente da raça pug, ou dirigemveículos engraçadinhos,
como os Mini Coopers, enquanto sonham com um Porsche Cayenne (ou ao menos um
honesto Hyundai Santa Fe). Um amigo chegou a fazer uma tatuagem do Restart no
braço, e até hoje, antes da dose diária de hamamélis para as varizes, chora
convulsivamente diante do espelho.
Quantas vezes este pobre apreciador
das biografias de gigantes como Warren Buffett foi obrigado a varar noites
discutindo o último livro da saga Crepúsculo? A quantos shows de sertanejo
universitário eu tive que ir, apenas para mostrar como sou antenado? E as
viagens? Que tristonho é ir para Lumiar quando se quer estar com a neve de Aspen
batendo no nariz. Que desperdício frequentar as baladas de Florianópolis, ou
Floripa, como elas querem, quando seria tão melhor gastar os cobres num bom show
do Tony Bennett em Atlantic City. Quanta inveja dos que podem apreciar um puro
malte em vez de ter que encher a cara com uma bebida chamada de ice, hediondamente estocada em uma
geladeirinha cilíndrica batizada de co
oler. Que maravilhosa deve ser a vida das pessoas cujo conceito de
jantarzinho gourmet jamais as
levaria a um mexicano divertido ou a uma hamburgueria mega hype. Não vou nem comentar outros
hábitos bizarros das moças, como fazer curso de respiração, Power Yoga, tomar
suco de uva com água de coco e correr na praia. Só de ouvir falar eu chego quase
a sentir atração pelas quarentonas.
ara piorar, inventaram esse negócio
de internet. Ai do cinquentão que não tiver perfil no Twitter, conta no Facebook
e fotinhos descoladas no Instagram. Se já é difícil um velho faturar uma
gatinha, imaginem um velho offline. De forma que, mesmo odiando profundamente
essas baboseiras tecnológicas, sou forçado a pensar em posts criativosos para as
redes sociais. Algo como “saca só o meu pug andando de skate”, apenas para dar um exemplo que me
rendeu vários likes, ainda que
nenhum deles tenha se convertido em sexo. Uma foto que também gerou muitos
comentários foi a do meu salto de bungee
jump na Nova Zelândia. Passei três dias internado num hospital de
Auckland, com a cervical trincada, mas valeu a pena – rendeu um sexozinho. Minha
jovem acompanhante achou tudo muito, sim, lá vem ela, irado. Falei em irado e lembrei que nada
pode ser mais ultrajante para um homem da minha idade e posição do que ter que
usar expressões como “demorô, véi!”, “esse show tá muito top”, “tô de boa” e
ficar repetindo “tipo” como se fosse vírgula.
Preciso terminar por aqui. Uma
gatinha, tipo que conheci outro dia num show do Luan Santana, está tipo passando
aqui em casa para pegarmos tipo um cineminha. Eu tentei emplacar a última fita
da Meryl Streep, mas ela achou coisa de velho, tipo nada a ver comigo. Assim,
ficamos tipo entre Madagascar 3
e Os Vingadores – e ela vai
deixar a decisão tipo por minha conta. Demorô, véi!
Ri muito aqui porque é "tipo" "muito top", "sinistro" "véi"!
ResponderExcluirkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk...
ExcluirAbraços,
RPF
Ri muito aqui porque é "tipo" "muito top", "sinistro" "véi"!
ResponderExcluirÉ isso aí!
ExcluirAbraços,
RPF