terça-feira, 24 de maio de 2022

No tempo do forte verde



Na sala de jantar

um pouco acima

da cristaleira

o capacete da revolução.

E bem ao lado da terrina

de louça clara adornada

com frutos levemente esmaltados

o pente de balas de fuzil

espetava o dourado ocre do metal.

Foi quando olhei para a rua

e uma bandeira inflava levemente

ao ruflar de longínquos tambores.

Outra vez olhei para o interior

onde as mulheres costuravam.

Pude constatar que o verde

realmente era uma cor

muito forte.


 

 (Cavalos ao Sol, 1982)


 -J. B. Sayeg

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