sábado, 14 de maio de 2022

Terra Bárbara

  




Na minha terra,

as estradas são tortuosas e tristes

como o destino de seu povo errante.

Viajor, 

se ardes em sede, 

se acaso a noite te alcançou, 

bate sem susto no primeiro pouso:

— terás água fresca para sua sede,

— rede cheirosa e branca para o teu sono.

 

 

Na minha terra,

o cangaceiro é leal e valente:

jura que vai matar e mata.

Jura que morre por alguém — e morre.

 

(Brasil, onde mais energia:

na água, que tem num só destino

do teu Salto das Sete Quedas

ou na vida, que tem mil destinos, 

do teu jagunço aventureiro e nômade?)

Ah, eu sou da terra do seringueiro,

— o intruso

que foi surpreender a puberdade da Amazônia.

 


Eu sou da terra onde o homem, seminu, 

planta de sol a sol o algodão para vestir o Brasil.

Eu nasci nos tabuleiros mansos de Quixadá

e fui crescer nos canaviais do Cariri,

entre caboclos belicosos e ágeis.

 


Filho de gleba, fruto em sazão ao sol dos trópicos, 

eu sou o índice do meu povo:

se o homem é bom — eu o respeito.

Se gosta de mim — morro por ele.

Se, porque é forte, entender de humilhar-me, 

— ai, sertão!

Eu viveria o teu drama selvagem,

eu te acordaria ao tropel do meu cavalo errante,

como antes te acordava ao choro da viola...



-

Na minha terra,

as estradas são tortuosas e tristes

como o destino de seu povo errante.

Viajor, 

se ardes em sede, 

se acaso a noite te alcançou, 

bate sem susto no primeiro pouso:

— terás água fresca para sua sede,

— rede cheirosa e branca para o teu sono.

 

 

Na minha terra,

o cangaceiro é leal e valente:

jura que vai matar e mata.

Jura que morre por alguém — e morre.

 

(Brasil, onde mais energia:

na água, que tem num só destino

do teu Salto das Sete Quedas

ou na vida, que tem mil destinos, 

do teu jagunço aventureiro e nômade?)

Ah, eu sou da terra do seringueiro,

— o intruso

que foi surpreender a puberdade da Amazônia.

 


Eu sou da terra onde o homem, seminu, 

planta de sol a sol o algodão para vestir o Brasil.

Eu nasci nos tabuleiros mansos de Quixadá

e fui crescer nos canaviais do Cariri,

entre caboclos belicosos e ágeis.

 


Filho de gleba, fruto em sazão ao sol dos trópicos, 

eu sou o índice do meu povo:

se o homem é bom — eu o respeito.

Se gosta de mim — morro por ele.

Se, porque é forte, entender de humilhar-me, 

— ai, sertão!

Eu viveria o teu drama selvagem,

eu te acordaria ao tropel do meu cavalo errante,

como antes te acordava ao choro da viola...


-Jáder de Carvalho

Nenhum comentário:

Postar um comentário