quinta-feira, 16 de setembro de 2010

O Cachorro da Minha Infância

O Cachorro da Minha Infância
Rodolfo Pamplona Filho

O cachorro da minha infância
me ensinou muito mais do que eu poderia ensiná-lo.
Aprendi, com ele, que lealdade e amor não têm preço;
que é possível estar só no meio de um mundo de gente;
e que nunca se é só se há um amigo do lado...

Aprendi que não é loucura conversar sozinho,
pois haverá quem sempre entenda com um olhar
o sentimento de quem não consegue expressar
em palavras o que se carrega dentro do peito
como um segredo que se tem medo de compartilhar...

Aprendi que não é preciso morar junto
para ter a sensação que o outro faz parte da sua vida;
que conviver é a arte do respeito à diferença
e que a alegria do reencontro é a retomada
de uma estrada que nunca foi interrompida...

Aprendi que uma boa caminhada ajuda
a colocar muitas idéias no seu devido lugar...
que hora de carinho é hora somente de carinho,
sem me preocupar com quem está em volta...
e hora de brigar é hora de rosnar e colocar os dentes para fora...

Aprendi que companheirismo significou muito mais
do que comer o mesmo pão junto...
Foi brincar de dois amigos contra o mundo,
dois heróis contra o universo,
dois corações irmanados sem filtros da razão.

Tudo isso eu poderia aprender sozinho
ou com qualquer outro ser humano,
lendo, amando ou simplesmente vivendo...
mas, na verdade, foi mesmo convivendo
com quem, para mim, era muito mais do que gente:
O cachorro da minha infância...

Para Linho (1980-983) e Trois (1985-1990), os cachorros da minha infância
Campina Grande, 08 de maio de 2010

11 comentários:

  1. Muito legal! A parte que mais gostei foi essa:
    "Aprendi que companheirismo significou muito mais
    do que comer o mesmo pão junto...
    Foi brincar de dois amigos contra o mundo,
    dois heróis contra o universo,
    dois corações irmanados sem filtros da razão.".
    Apesar de ser muito profundo para descrever a amizade de um cachorro...rs

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  2. Rodolfo..... fantástico esse seu poema...
    Posso utilizá-lo no site da ABPA (associação brasileira protetora dos animais)? www.abpabahia.org.br

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  3. Aprendi que não é loucura conversar sozinho,
    pois haverá quem sempre entenda com um olhar
    o sentimento de quem não consegue expressar
    em palavras o que se carrega dentro do peito
    como um segredo que se tem medo de compartilhar...


    Nooossa, gostei mesmo! As vezes, a gente acha que esta sozinho nesse mundo doido, mas sempre vai ter alguem ali pra gente...

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  4. Amadas Tauana e Elaine
    Definitivamente, neste mundo tão doido, talvez um cachorro possa entender mais a profundidade de nossos pensamentos do que muita gente...
    Bjs,
    RPF

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  5. Prezada Patruska
    Pode usar à vontade o poema! Ele é da humanidade...
    Se der para divulgar também o blog, melhor ainda...
    Bjs,
    RPF

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  6. "Haverá quem sempre entenda com um olhar..."

    Esta é uma das relações mais lindas e verdadeiras. O olhar do nosso bichinho de estimação nos dá a segurança de que independente da situação que você estiver vivendo, ele estará ali e tentará te ajudar como melhor puder. É muito sentimento... Constante reciprocidade.

    Poema encantador!!! Parabéns! =)

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  7. Oi, Ana Bárbara!
    Todo mundo que já teve um cachorro, principalmente na infância, sabe a força que esta relação tem em nós!
    Fico feliz que tenha gostado do poema! Tentei ali exprimir tudo que senti em relação aos dois cachorros que tive na infância/adolescência...
    Bjs,

    RPF

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  8. Amei o poema, cada estrofe, cada frase e cada palavra, realmente encantador, adoooro animais, principalmente cachorros.
    Esse poema me fez relembrar dos cachorros que tive. Parabéns professor poeta....ah...publiquei no meu facebook.
    Bjs!!!

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  9. Oi, Ana Ciríaco
    Fico muito feliz em saber que vc gostou do poema...
    Eu o escrevi também na saudade dos cachorros que tive na infância...
    Pode divulgá-lo à vontade!
    Beijos,
    RPF

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  10. Ah, a infância deveria ser revisitada sempre. É saudosa, mesmo para quem lê. Lindo poema! E, veja só, foi escrito em Campina Grande - minha terra.

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  11. Oi, Natália!
    Não tenha dúvida disso!
    E fico feliz com a coincidëncia.
    Beijos,
    RPF

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