sexta-feira, 3 de setembro de 2010

A Perda da Inocência II

A Perda da Inocência II
Rodolfo Pamplona Filho

Hoje, eu matei uma criança...
atirei, à queima-roupa, sem dó, nem piedade
no seu corpo de inocência, uma bala de realidade
no seu coração de pureza, uma facada da verdade

Dos seus sonhos, fiz escárnio
Dos seus planos, fiz ridículo
E rasguei sua esperança como papel de embrulho

Arranquei os seus olhos
Cortei sua garganta
E calei sua voz como uma vela que se apaga

Uma mente violentada
Um desejo reprimido
Um brinquedo destruído,
essa criança não existe?

Não é fênix, pois não renasce das cinzas
Não é Deus, pois não acreditam nela
Não é Mito, pois, de algum modo existiu.

Essa criança...
Essa criança...
Essa criança sou eu!

(20.01.92)

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