Carta a Noel
(16.12.11)
Por Rafael Berthold,
advogado (OAB-RS nº 62.120)
O advogado, após passar um lindo natal em família, inspirado pelas cartinhas que seus filhos endereçaram a Papai Noel, decide - ele próprio - redigir uma missiva ao bom velhinho. É claro que alguns traços da vocação processual se fazem sentir, no petitório, que assim começa:
"ILUSTRÍSSIMO SENHOR PAPAI NOEL"
E após deixar o tradicional espaço para o despacho, o advogado prossegue:
Por meio da presente, o signatário vem à vossa elevada presença declinar Pedido de Presentes de Natal, o que faz, nos termos das linhas que seguem:
1) “Que a justiça seja célere"...
Mas após alguns minutos de reflexão, o advogado arrepende-se e reescreve o pedido: "Que a justiça seja célere, quando eu representar o credor, e morosa, quando eu representar o devedor".
2) "Que os juízes deixem de arbitrar honorários aviltantes"... Mas em alguns instantes vem a ressalva:"A não ser que meus clientes sagrem-se sucumbentes".
3) "Que as indenizações deixem de ser fixadas em valores irrisórios... salvo quando eu estiver representando o condenado".
4) "Que os advogados sejam cada vez mais unidos e que se tratem sempre com respeito e urbanidade".(Nenhuma ressalva é feita, quanto a este tópico).
5) "Que os juízes não sejam formalistas e apegados a meras irregularidades irrelevantes"... (E após engolir em seco). "A não ser que estas tenham sido suscitadas por mim".
Cinco pedidos já eram o suficiente. Além disso, já iniciava-se a madrugada do dia 26 de dezembro. Então, o advogado apressou-se em dar fecho à petição:
"Ante o exposto, requer-se que Vossa Senhoria digne-se atender Pedido de Presentes de Natal, nos moldes especificados supra, por ser a expressão dos desejos natalinos do subscritor, que apresentou comportamento exemplar no ano que passou, fazendo jus, portanto, à graça pretendida.
Nestes Termos, pede deferimento".
Após concluir, deixa a carta em uma das meias que enfeitavam a lareira, onde, na noite anterior, os seus filhos deixaram os seus próprios petitórios. Na manhã seguinte, ao cruzar a sala, o advogado olha para sua carta e percebe que havia algo escrito, no espaço deixado para despacho.
Empolgado, ele retira a carta de dentro da meia e depara-se com a seguinte decisão:
"R.H. Não conheço do pedido, por intempestivo. Em 26/12/2011. (ass.) Papai Noel".
(16.12.11)
Charge de Gerson Kauer |
Por Rafael Berthold,
advogado (OAB-RS nº 62.120)
O advogado, após passar um lindo natal em família, inspirado pelas cartinhas que seus filhos endereçaram a Papai Noel, decide - ele próprio - redigir uma missiva ao bom velhinho. É claro que alguns traços da vocação processual se fazem sentir, no petitório, que assim começa:
"ILUSTRÍSSIMO SENHOR PAPAI NOEL"
E após deixar o tradicional espaço para o despacho, o advogado prossegue:
Por meio da presente, o signatário vem à vossa elevada presença declinar Pedido de Presentes de Natal, o que faz, nos termos das linhas que seguem:
1) “Que a justiça seja célere"...
Mas após alguns minutos de reflexão, o advogado arrepende-se e reescreve o pedido: "Que a justiça seja célere, quando eu representar o credor, e morosa, quando eu representar o devedor".
2) "Que os juízes deixem de arbitrar honorários aviltantes"... Mas em alguns instantes vem a ressalva:"A não ser que meus clientes sagrem-se sucumbentes".
3) "Que as indenizações deixem de ser fixadas em valores irrisórios... salvo quando eu estiver representando o condenado".
4) "Que os advogados sejam cada vez mais unidos e que se tratem sempre com respeito e urbanidade".(Nenhuma ressalva é feita, quanto a este tópico).
5) "Que os juízes não sejam formalistas e apegados a meras irregularidades irrelevantes"... (E após engolir em seco). "A não ser que estas tenham sido suscitadas por mim".
Cinco pedidos já eram o suficiente. Além disso, já iniciava-se a madrugada do dia 26 de dezembro. Então, o advogado apressou-se em dar fecho à petição:
"Ante o exposto, requer-se que Vossa Senhoria digne-se atender Pedido de Presentes de Natal, nos moldes especificados supra, por ser a expressão dos desejos natalinos do subscritor, que apresentou comportamento exemplar no ano que passou, fazendo jus, portanto, à graça pretendida.
Nestes Termos, pede deferimento".
Após concluir, deixa a carta em uma das meias que enfeitavam a lareira, onde, na noite anterior, os seus filhos deixaram os seus próprios petitórios. Na manhã seguinte, ao cruzar a sala, o advogado olha para sua carta e percebe que havia algo escrito, no espaço deixado para despacho.
Empolgado, ele retira a carta de dentro da meia e depara-se com a seguinte decisão:
"R.H. Não conheço do pedido, por intempestivo. Em 26/12/2011. (ass.) Papai Noel".
FONTE: www.espaçovital.com.br
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