Perdi
o meu emprego
Danilo Gaspar
Dizem que o trabalho dignifica o homem
Dizem que o amanhã sempre será melhor do que
ontem!
Mas se eu perder o meu emprego?
Me contem...
Dizem que não posso ser dispensado de forma
arbitrária
ou sem causa justa!
Dizem que a continuidade da relação de emprego é
mais
que necessária!
Mas por que, então, fui dispensado de forma
injusta?
Era um dia normal, dia de sol.
24 horas como de habitual.
Mas quando cheguei, o aviso: compareça ao RH!
Ah, já sei, salário melhor virá!!!!
Mas, ao chegar lá, o pior estava a me esperar.
Era uma carta, um papel, quase um pedaço de papel
de pão.
Possuía meus dados, meu histórico, e se chamava
“Termo de Rescisão”.
Motivo não tinha não, simplesmente escolha do meu
patrão!
Mas o que fiz, afinal???
Envelheci, troquei de time, de opção sexual....
Nada disso, pelo que entendi, meu contrato
simplesmente chegou ao final.
Insisto, pergunto, questiono,
preciso saber,
afinal, o que direi àqueles que esperam
em casa por me receber???
Que fui dispensado, que perdi o emprego,
que não vou mais trabalhar.
Mas tenho esposa, dois filhos, e
uma família pra criar.
Lembro da Justiça, que pode até demorar,
mas não falhar: assim sempre ouvi!
Se a Constituição protege meu emprego,
do que terei medo???
Inciso I do artigo sétimo,
norma constitucional, direito fundamental.
Talvez seja fácil retornar ao meu emprego
e viver no meu habitat natural.
Ledo engano, resposta negativa.
Me disseram até que o direito existe,
mas não fora regulamentado.
E eu? Mais uma vez frustrado!
Mas não desisto, me falaram de uma
certa “lei” internacional.
Convenção, recomendação, não sei bem o que.
158, me lembro bem, documento essencial.
Ainda não foi desta vez.
Ratificada, aprovada, publicada.
Mas, pouco tempo depois,
optaram por denunciá-la.
É, não tem jeito, o que me resta é aceitar
que existe um tal de um direito potestativo de
dispensar.
E, como tal, resta a nós, como de forma natural,
simplesmente aceitar.
Mais um trabalhador desempregado, mais um pai
de família angustiado.
Bolsa-família, seguro-desemprego, até ajudam,
mas continuará faltando algo: o meu trabalho.
Trabalho que dignifica, que torna cidadão.
Trabalho que purifica, que faz encontrar a razão.
Trabalho que quero, trabalho que preciso.
Trabalho que tinha, mas, não sei porque, tive
perdido!
Guarajuba, 17 de março de 2013.
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