domingo, 28 de abril de 2019

Tempo Sagrado



Bruno Terra Dias


A vida e a morte triunfam
na duração de um poema
e em pausas de recitação,
no jugo do tempo de leitura
e nos fardos da dicção
em noites de entrega e reflexão.

Uma vida esvanece
para dar lugar a outra,
e entre essas vidas
um intervalo de morte.
Tão necessário começar,
tudo abreviar e refazer.

O triunfo da vida
não é persistência
até final inspiração,
mas contínua elaboração,
alcançar ressignificação,
enquanto for lembrada.

O triunfo da morte
não finda nos intervalos,
no derradeiro verso,
porém no esquecimento,
já sem memória e história,
desprovido de favor e sorte.

O que foi, retorna,
o permanente acaba,
a matéria se desfaz
e as águas primordiais,
eternamente fecundas,
reelaboram o sagrado.

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