quarta-feira, 20 de novembro de 2019

A Lua-Cheia




Bento Prado Júnior





Minha mãe, doce velhinha,

que vontade de chorar!

Saudade que me espezinha,

lembrança do nosso Lar...



Nosso sítio...a moradia...

o arvoredo do quintal,

que a lua-cheia cobria

com seu delgado sendal...



A lua-cheia de outrora

tinha muito mais poesia!

São Jorge de bota e espora,

-que soberba montaria!-

Lá, lança em riste, feria

o feio e feroz dragão,

que o duro ferro mordia,

nas ânsias da convulsão!



A lua-cheia, hoje em dia,

é simples bola vazia

que rola pela amplidão...

Despojo de terra, fria,

alma vivente não cria,

nem sequer vegetação!

A lua-cheia, hoje em dia,

não tem significação!



Minha mãe, doce velhinha,

que vontade de chorar!

Saudade que me espezinha,

Lembraça do nosso lar...



Nosso sítio...a moradia...

o arvoredo do quintal,

que a lua-cheia cobria

com seu delgado sendal...

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