(Negra Luz)
Meu caqueiro hoje parecia algo dizer.
Olhei de cima para baixo,
Girei o, para melhor percebê-lo,
Havia algo a aprender.
Palmas secas sobre o descanso da terra,
Palmas maiores, mais antigas, talvez,
Arqueando suas astes,
Com beleza,
Em um sucumbir às ações de Tempo.
Do tempo passado,
Do tempo presente,
Do tempo futuro,
Do tempo impensado.
Do tempo que não queremos ver.
Ao lado dessas astes mais amadurecidas,
Outras.
No apogeu da vida desfilavam,
Guiadas pela luz do sol.
Beleza!
Era o ballet da vida, permitindo as estações.
Em destaque, com quase todas as folhas fechadas,
Ainda em desalinho,
Num verde de quem começa a viver as primeiras primaveras,
Uma palma tirou-me palmas do olhar!
A beleza da juventude,
Uma luz a mais naquele caco de plantas sobre a mesa.
Nele, lições:
A integração entre os tempos da vida,
A harmonia entre o ontem, o agora e o depois,
A alternância entre o novo, o maduro e o antigo,
O equilíbrio entre o nascer, crescer, amadurecer...
E, um dia, descansar...
Todos...
Um dia.
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