sexta-feira, 22 de abril de 2022

NO ESPELHO


 


Constatei hoje -

não sem um certo prazer - que

Como todos os “anormais”, sou diferente,

Incômoda,

mas indispensável.

 

Mais que igual,

o meu “ser normal”

é estar onde não se deve,

contra a corrente é o meu natural.

Só assim, sei onde estou e o que faço.

 

Só no pano verde

no rolar dos dados,

é que cumpro meu destino.

 

A contabilidade bem feita

nota por nota,

me confunde e deprime,

rodando em torno de um eixo que ignoro

e me apaga.

 

Só os grandes círculos me satisfazem.

Só andando às cegas, chego ao ponto.

Fazer o que, se Deus fez assim?

 

Rir de mim, absurda

entre normais

Só entre os absurdos, encontro iguais.

 

Enquanto arregaço as mangas para a próxima 

Enquanto a vindoura e a que nem vislumbro

Só na desigualdade posso ser igual.

 

Maria Maroca

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