quinta-feira, 27 de abril de 2023

Romance forense: O amor em segredo de Justiça



Conceda a liminar.

Caso eu a tenha ofendido


Com a inépcia do pedido,


Rogo pelo amor de Deus:


Se me faltou algum tato,


Prenda-me por desacato,


Mas prenda nos braços seus"


Prontamente, a magistrada teria despachado à mão, numa folha sem timbre, aposta dentro de um envelope de insinuante cor rosa, mandado entregar no escritório do advogado.


"Em toda a minha carreira,


Como juíza de direito,


Nunca vi tanta besteira,


Nem tamanho desrespeito.


Minha conduta moral


É lei que não se revoga


Nem com sustentação oral


Debaixo da minha toga.


Por isso, ilustre advogado,


Seu pedido tresloucado


Indefiro nesta liça.


Depois, com a noite em curso,


Fora do expediente,


Eu aguardo o seu recurso.


E que se faça presente,


Mas em segredo de Justiça".




Autor Desconhecido

Nenhum comentário:

Postar um comentário