domingo, 18 de setembro de 2022

Cinzas


Heitor Lima



A última brasa ardeu na cinza adusta:

Tudo passou, tudo se fez em poeira...

E na minha alma, que o abandono assusta,

Morre a luz da esperança derradeira.


O amor mais casto, a aspiração mais justa

Têm a desilusão para fronteira...

Um momento de sonho às vezes custa

O sacrifício da existência inteira!



Chama efêmera, o amor! Baldado surto,

A glória! Ah! coração mesquinho e raso...

Ah! pensamento presumido e curto...



E o amor, que arrasta, e a glória, que fascina,

— Tudo se perderá no mesmo ocaso

E se confundirá na mesma ruína.

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