segunda-feira, 17 de setembro de 2012

AO LUAR *

AO LUAR *


REINA SILÊNCIO LÁ NO RIO-MAR...
RIO AMAZONAS VAI... CONTINUA...
PAIRA NO CÉU, RINDO, A BRILHAR,
A LUA...

OUVE-SE CANTOS DE UM PESCADOR...
ORA MAIS PERTO, ORA RECUA...
VAI PROMETENDO JURAS DE AMOR
À LUA...

NOITE TRANQÜILA, PAISAGEM BELA,
QUE A SERENATA MAIS ACENTUA...
NO CÉU, SINISTRA, BRILHA A DONZELA:
A LUA...

...E O VENTO CHEGA, RUGINDO FORTE,
ENCRESPA AS ÁGUAS EM FÚRIA CRUA..
ENTÃO SE OCULTA, PRESSENTE A MORTE,
A LUA.

TANTO ESTAMPIDO, TANTOS LAMENTOS,
TEMOR DE MORTE, TREMOR DE FRIO...
QUANTAS DESGRAÇAS E AFOGAMENTOS
NO RIO.

NOITE FUNESTA, HORA DE HORROR,
ALMAS PENADAS VÊM ASSOMBRAR.
...E A MÃE, CHORANDO, GRITOU DE DOR:
-RIO MAR!

CADÊ MEU FILHO, QUE NÃO ME ENTREGAS?
ONDE ESTÁ ELE, NA ESCURIDÃO?
PORQUE SONEGAS?... PORQUE ME NEGAS?
OH! NÃO!

RIO AMAZONAS, PORQUE MATASTE
O MEU MENINO, FILHO QUERIDO?
ONDE O PUSESTE? ONDE O DEIXASTE?
BANDIDO!

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...E O AMAZONAS, CONVULSIONADO,
PULA DO LEITO, SALTA DO TRILHO,
JOGA-LHE AOS PÉS, ESTRANGULADO,
O FILHO!

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...A TEMPESTADE JÁ SOSSEGOU...
NOVAS BONANÇAS O VENTO TROUXE.
O RIO IMENSO JÁ SE ACALMOU:
CALOU-SE...

AGORA É CALMO, SEM UMA ONDA...
NA MADRUGADA, SOZINHA E NUA,
VAGA SORRINDO, FAZENDO A RONDA,
A LUA...


*  Texto e Musica por José Wilson Malheiros em 2001, gravado em CD do Projeto Uirapuru (Pará), vol. 12., edição do Governo do Estado.

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