quarta-feira, 30 de abril de 2014

EM TODA PARTE MUITO PARA VER



EM TODA PARTE MUITO PARA VER
Bertold Brecht

O que viu, viajante?

Eu vi uma paisagem aprazível, onde havia um monte de cinza contra um
céu claro, e a relva oscilava no vento. No monte se encostava uma
casa, como uma mulher se encosta num homem.

O que viu, viajante?

Eu vi uma elevação , boa para abrigar canhões.

O que viu, viajante?

Eu vi uma casa, tão arruinada que apenas o monte a mantinha de pé; mas
assim ficava o dia inteiro na sombra. Passei por ela em horas
diferentes.e jamais saía da chaminé, que indicasse comida sendo
cozinhada.
E eu vi as pessoas que lá viviam.

O que viu, viajante?

Eu vi um campo ressecado de chão pedregoso. Cada talo de relva era
solitário. Pedras havia na grama. Desmaiada sombra de um monte

O que viu, viajante?

Eu vi uma rocha que erguia os ombros da grama do chão como um gigante
que não se deixa vencer. E a grama firme e reta, com orgulho, no chão
ressecado,E um céu indiferente.

O que viu, viajante?

Eu vi uma dobra no chão.Aqui , há milênios,devem ter ocorrido grandes
movimentos da superfície da terra.O granito estava à mostra

O que viu, viajante?

Nenhum banco para sentar, estava cansado.

Poemas -1913-1956 Editora 34 -Seleção e tradução de Paulo César
deSouza - páginas 264-265))

terça-feira, 29 de abril de 2014

Cenas do Mundo- O Sorriso da Mulher de Sarajevo- 22

                       Cenas do Mundo- O Sorriso da Mulher de Sarajevo- 22


                                ( Foto: Cláudia Reina- Sarajevo)

O Sorriso  da Mulher de  Sarajevo - 22

Corpos em busca de abrigos. Andarilhos sem rumo. Trilhas de destroços. O declínio  sombreia ruínas.
Meu amor.
Dê-me as sombras dos teus olhos turvos. Olhos de bruma.   
Ataques aéreos. Em simetria. Bombas ritmicamente lançadas sobre a cidade cercada. A regularidade fria dos relógios  arruína construções  seculares.  
A beleza agride a virilidade dúbia das feras. A impotência revolvida em cólera fortificada tal qual castelos medievos. 
Meu amor.
Dê-me pássaros a povoar túmulos lodosos.
Quantos e quantas  Sumayyah, Marijas, Fazels, Andrijas, Khadijas, Vanovics, Habibs, Lukovics, Fouads e  Kostinas  explodem no ar.   
Quanta infância e juventude entupidas em valeiros. E sempre o mesmo som a ressoar das bombas e dos fuzis.
O  nevoeiro  cobre a bicicleta azul do poeta  morto.
Afogam-se mães em rios de sangue talhado. Ontem ainda fotografias enfeitavam as paredes nuas das casas.
O peso da solidão materna. Pedra fria. Cova rasa. Órfãos da humanidade.
Sobre túmulos planto lírios.  
Meu amor.
Dê-me as mãos enegrecidas das cinzas dos filhos  mortos. As tuas mãos.
Livra-me  das palavras malditas lançadas  nos sepulcros.
Dê-me amanheceres  prateados sobre uma Saravejo encarcerada.
Meu amor. 
Dê-me o teu longo túnel de desespero. 
Ofereço-lhe a luz opaca de uma lâmpada vacilante que se adianta para iluminar a noite invernal. 
Ofereço-lhe restos ornados por rosas que cultivo. Vermelhas.
Omarska, Keraterm e Trnopolje.
Campos secos de extermínios. A terra é untada com os corpos de vinte e duas mil mulheres retalhadas com lâminas afiadas. Queimadas. Violentadas. Úteros-fetos. Olhos vidrados. Faces aterrorizadas. Mudas. Atônitas. Dizimadas.
Os indiferentes declaram amar a Deus e ao próximo como a si mesmo. Possuem a suavidade da brisa que embala os corpos fétidos na primavera.
Canto com fúria. Muitas dores eu canto. Sento-me ao lado dos meus mortos. Ouço seus brados. Tudo está vivo: os mortos e os crimes. 
Meu amor.
Livra-me da terra infecunda.   
Dê-me um trigal  semeado sem  terror.  
Homens aprendem a conjugar o verbo odiar desde a mais tenra idade. Eu odeio. Tu odeias. Ela odeia. Nós odiamos. Vós odiais. Eles odeiam.  De tanto odiar romperam o frágil limiar entre a civilização e a barbárie.
Pergunta  o rabino  de uma aldeia nas  colinas: o que tanto odeiam meus filhos? Fuzilado foi em praça pública junto com os cães esfomeados.  
Há os que matam por volúpia. Outros por distração e desejo. Outros por ambição, vingança e poder. Outros por tédio. Outros por perversão e gozo. Matam os seus semelhantes como se matam bois em matadouros. Com precisão e resultados.  
Meu amor
Dê-me a face envergonhada. 
A tua face.
Nas colinas artilheiros bêbados atiram às cegas. Nas ruas coloridos bondes esbraseados. Seres disformes pelo calor das chamas jogados em fossas abertas. Opressores escarnecem a carne carbonizada.    
Meu amor.
Dê-me o mistério de uma rua alheia .
A preencher a nossa infinita solidão.
Srebrenika . 
O Pavor é qual ondas que avançam. E deixa, ao refluir, a memória amaldiçoada. Oito mil homens exterminados em algumas horas. Poucas. 
O povo ultrajado implora  trégua. E os senhores da guerra entornam garrafas de uísques em Genebra enquanto negociam vidas .
Meu  amor,
Dê -me um súbito brilho que possa apagar toda infâmia.
Meu amor.
Emerjo  entre correntes vorazes.  À deriva.  Entre as sobras de um naufrágio.   
Lanço-me em teus braços tortos. Tua elegância vestida em farrapos.
Meu Amor.  
Dê-me asas partidas que se  reconstroem
para um voo que se aproxima. 
Bounguenvilles debruçam-se retorcidos nas  ruínas do que foi um lar. No pátio balanços enferrujados. Escorregas azuis cravados por rajadas de tiros. Terra adubada com o sangue  das crianças mortas  ao pé dos limoeiros.
Um vulto esmaecido vagueia na escuridão .Trevas. A cabeça entre mãos. Curvado. Um pai a procura do filho.
Meu amor.
Dê-me delicadezas.
Atravesso o inferno-viva. A febre devora nervos tensos.
Meu amor
Dê- me água límpida. Gotículas translúcidas  repousadas em ramagens de árvores fruto em flor. Orvalhadas.    
A biblioteca de Sarajevo está chamas. Um acervo de três milhões transformado em cinzas.
Odeiam os ahadith do profeta, os califas, os escritos bizantinos, gregos e latinos, a filosofia, a teologia e a ciência. Odeiam a arte, a literatura, o alcorão e seus intérpretes, a bíblia e os santos, os recitadores, as lendas do Egito e as estrelas do Cairo .  
As  labaredas engolem a história e a arte. Toneladas de cinzas varrendo as ruas de Sarajevo.
Meu amor
Dê-me o vento que leva longe as cinzas. E espalha sementes. E replanta figueiras.
Dê-me o   povo que insultado ri da feridade dos generais.
Vedran Smailović.
Do violoncelo preso às cordas latejantes do luto flui o Adagio de Albinoni  em celebração aos vinte dois mortos que esperavam pelo pão. Assim é. Assim o será por vinte e dois dias, às mesmas e sempre dezesseis horas. Um dia para cada morto. Algo move o violoncelista de Sarajevo. A cabeça presa ao vácuo deixado pelo mercado em chamas.
Visto meu corpete adornado de destroços. Pequenos andrajos. Sapatilhas despedaçadas. Danço nos escombros. Rodopio. Descalços. Esfolados pés. 
Pássaros repousam em meu  peito. Teus pássaros.
Meu amor.
Dê-me o  Sorriso de Sarajevo.
Da Mulher de Sarajevo.
Encanto.
Vida que teima  nas entranhas.
Sorvo. Venha.
Meu amor.
Dê-me a tua nudez nesta terra devastada.
 
Cláudia Reina.




segunda-feira, 28 de abril de 2014

A Delicadeza da Grandiosidade

A Delicadeza da Grandiosidade

Rodolfo Pamplona Filho
Notas fluem continuamente
como as gotas da chuva lá fora,
mas, aqui, tudo é somente
a irrelevância das horas
no apreciar da melodia,
ritmo e pura harmonia...
O privilégio de testemunhar
a manifestação da virtuose
só é comparável ao deslumbrar
com o impacto, quase hipnose,
da beleza da música
e, sem dúvida, da musa
que tudo reforma
e transforma
a admiração em encantamento,
a técnica em sentimento,
a solenidade em leveza
e a grandiosidade em delicadeza.


Salvador, 14 de maio de 2013, para Hélène Grimaud.

domingo, 27 de abril de 2014

MARIDO RICO

MARIDO RICO

Saiu no Financial Times (maior jornal sobre economia do mundo).
Uma moça escreveu um e-mail para o jornal pedindo dicas sobre como
arrumar um marido rico". Contudo, mais inacreditável que o "pedido" da moça, foi a resposta do Editor do jornal, muito inspirado, à mensagem de forma muito
bem fundamentada.
Leiam...

E-mail da MOÇA:
"Sou uma garota linda (maravilhosamente linda) de 25 anos. Sou bem
articulada e tenho classe. Estou querendo me casar com alguém que
ganhe no mínimo meio milhão de dólares por ano. Tem algum homem que
ganhe 500 mil ou mais neste jornal, ou alguma mulher casada com alguém
que ganhe isso e que possa me dar algumas dicas?
Já namorei homens que ganham por volta de 200 a 250 mil, mas não
consigo passar disso. E 250 mil por ano não vão me fazer morar em
Central Park West.
Conheço uma mulher (da minha aula de ioga) que casou com um banqueiro
e vive em Tribeca! E ela não é tão bonita quanto eu, nem é inteligente.
Então, o que ela fez que eu não fiz? Qual a estratégia correta? Como
eu chego ao nível dela? (Raphaella S.)"

Resposta do editor do jornal:
"Li sua consulta com grande interesse, pensei cuidadosamente no seu
caso e fiz uma análise da situação.
Primeiramente, eu ganho mais de 500 mil por ano. Portanto, não estou
tomando o seu tempo à toa...
Isto posto, considero os fatos da seguinte forma: Visto da perspectiva
de um homem como eu (que tenho os requisitos que você procura), o que
você oferece é simplesmente um péssimo negócio.
Eis o porquê: deixando as firulas de lado, o que você sugere é uma
negociação simples, proposta clara, sem entrelinhas: Você entra com
sua beleza física e eu entro com o dinheiro.
Mas há um problema.
Com toda certeza, com o tempo a sua beleza vai diminuir e um dia
acabar, ao contrário do meu dinheiro que, com o tempo, continuará
aumentando.
Assim, em termos econômicos, você é um ativo sofrendo depreciação e eu
sou um ativo rendendo dividendos. E você não somente sofre
depreciação, mas sofre uma depreciação progressiva, acelerada, ou
seja, sempre aumenta!
Explicando, você tem 25 anos hoje e deve continuar linda pelos
próximos 5 ou 10 anos, mas sempre um pouco menos a cada ano. E no
futuro, quando você se comparar com uma foto de hoje, verá que virou
um caco.
Isto é, hoje você está em 'alta', na época ideal de ser VENDIDA, mas
não de ser comprada.
Usando o linguajar de Wall Street, quem a tiver hoje deve mantê-la
como 'trading position' (posição para comercializar) e não como 'buy
and hold' (compre e retenha), que é para o quê você se oferece...
Portanto, ainda em termos comerciais, casar (que é um 'buy and hold')
com você não é um bom negócio a médio/longo prazo! Mas alugá-la, sim!
Assim, em termos sociais, um negócio razoável a se cogitar é namorar.
Cogitar... Mas, já cogitando, e para certificar-me do quão
'articulada, com classe e maravilhosamente linda' seja você, eu, na
condição de provável futuro locatário dessa 'máquina', quero tão
somente o que é de praxe: fazer um 'test drive' antes de fechar o
negócio... podemos marcar?
(Philip Stephens, associate editor of the Financial Times - USA)"

sábado, 26 de abril de 2014

Terceirizando a Memória

Terceirizando a Memória

Rodolfo Pamplona Filho
Para telefones, celular
Para enciclopédia, Google
Para caminhos, GPS
Para compromissos, agenda
Para texto, tablet
Para exposição, data-show
Para voz, gravador
Para marcha, câmbio automático
Para canais, zapear
Para canções, mostrador
Para pagamentos, home banking
Para contas, calculadora
Para poucos, a velha memória...

Salvador, 27 de maio de 2013, segunda-feira,
em um engarrafamento monstruoso na Av. ACM,
mas pensando em um (excelente) papo

com os amigos Molly, Nelson Cerqueira e Sérgio Novais Dias.

sexta-feira, 25 de abril de 2014

SONHO SEM FIM


images (1).jpgSONHO SEM FIM
Caminhei, caminhei, caminhei

Que de casa me afastei

E mais a frente, no meio da mata,

Eu avistei meu belo balão

Que de minha mão se soltara.

De tão bela paisagem,

Quis seguir passagem.

Caminhei, caminhei, caminhei

E no meio de tudo que era lindo

(árvores, pássaros, macaquinhos, o verde e o riacho)

Me deparei.

Entre dois caminhos teria que escolher,

Se quisesse prosseguir.

Mas de tão belos e atraentes que eram

Me confundi.

Então, do meu balão me desprendi.

E o segui por onde ele resolveu me guiar.

Dele não poderia me desgrudar.

E por fim, um lindo lugar conheci e muitas aventuras vivi.

Tropecei em gravetos,

Tive medo de uns lagartos,

Mas me diverti e um pouco aprendi;

Não pude resistir.

E assim, faça você:

Siga seus sonhos e desejos

Sem deles, nunca desistir.


Ana Barrameda                                                                                                              

quinta-feira, 24 de abril de 2014

Desamadurecendo

Desamadurecendo

Rodolfo Pamplona Filho
Que o tempo passe...
Que os anos cheguem...
Que os pêlos embranqueçam...
Que as rugas surjam...
Mas que eu não permita
envelhecer a mente,
esclerosar o senso,
anestesiar a sensibilidade
ou senilizar o desejo...

Que eu consiga desamadurecer...

Salvador, 27 de maio de 2013, segunda-feira,

em um engarrafamento monstruoso na Av. ACM.

quarta-feira, 23 de abril de 2014

Ainda Hoje

Ainda Hoje

Permita que uma Borboleta Azul,
caminhe para dentro de tu'alma,
e descubra, no âmago do teu ser,
esse luminoso universo de ternura,
que - eu sei - mora em teu espírito.
E, entre suaves brisas perfumadas,
em meio as borbulhantes espumas,
dos afagos e carícias que as ondas,
imprimem na dourada areia da praia,
encontrará em ti, a preciosa pérola.
Revela-te inteiro à vida, desnuda-te,
mostra a todos o quanto tens de Luz,
a tua capacidade de dar e receber,
a tua legítima devoção à Ternura, 
a tua gratidão ao Criador e à Vida.
Ainda hoje,
após o espetáculo do pôr-do-sol,
à hora do florescer das estrelas,
eu chamarei essa amada borboleta,
cá para meu cantinho mais secreto,
e pedirei à ela que possa me revelar
todas as surpreendentes maravilhas,
que enxergou...dentro do teu coração!


Carmen Cardin

terça-feira, 22 de abril de 2014

Sentindo-se em Casa

Sentindo-se em Casa

Rodolfo Pamplona Filho
Quem faz o lugar são as pessoas
Quem transforma uma casa
em um lar
é quem decide habitar
e nele viver...
e conviver...
e, para sempre ser,
somente o que se é...

Salvador, 27 de maio de 2013, segunda-feira,

em um engarrafamento monstruoso na Av. ACM.

segunda-feira, 21 de abril de 2014

A ESPERANÇA DO MUNDO

A ESPERANÇA DO MUNDO
Bertold Brecht

Seria a opressão tão antiga quanto o musgo dos lagos?
Não se pode evitar o musgo dos lagos.
Seria tudo o que vejo natural, e estaria eu doente, ao desejar remover o
irremovível?
Li canções dos egípcios, dos homens que construíram as pirâmides.
Queixavam-se do seu fardo e perguntavam quando terminaria a opressão. Isto
há quatro mil anos.
A opressão é talvez como o musgo, inevitável.

Se uma criança surge diante de um carro, puxam-na para uma calçada. Não
o homem bom, a quem erguem monumentos, faz isso. Qualquer um retira
a criança da frente do carro.
Mas aqui muitos estão sob o carro, e muitos passam e nada fazem.
Seria porque são tantos os que sofrem? Não se deve mais ajudá-los, por
serem tantos? Ajudam-nos menos.
Também os bons passam, e continuam sendo tão bons como eram antes
de passarem.

Quanto mais numerosos os que sofrem, mais naturais parecem seus
sofrimentos, portanto. Quem deseja impedir que se molhem os peixes do
mar?
E os sofredores mesmos partilham dessa dureza contra si e deixam que
lhes falte bondade entre si.
É terrível que o homem se resigne tão facilmente com o existente, não só
com as dores alheias, mas também com as suas próprias.
Todos os que meditaram sobre o mau estado das coisas recusam-se a apelar
à compaixão de uns por outros. Mas a compaixão dos oprimidos pelos
oprimidos é indispensável.
Ela é a esperança do mundo.

( Poemas -1913-1956 Editora 34 -Seleção e tradução de Paulo César
deSouza - páginas 222-223))

domingo, 20 de abril de 2014

Soneto do Engarrafamento

Soneto do Engarrafamento

Rodolfo Pamplona Filho
O tempo já foi mais útil
A via já fluiu mais ágil
O motivo nunca foi tão fútil
A paciência nunca foi tão frágil

O que demorava minutos
virou horas a fio
O que era para muitos
caiu no lotado vazio...

E valer tudo para uma vaga buscar,
como um território conquistar,
mesmo fechando um cruzamento...

Na barbeiragem ou contramão
ou disputando o pior palavrão,
tudo por causa do engarrafamento.

Salvador, 27 de maio de 2013, segunda-feira,

em um engarrafamento monstruoso na Av. ACM.

sábado, 19 de abril de 2014

Nossa caminhada

Nossa caminhada

Desde o início, era só amizade,
Mas com a força do tempo, tudo mudou
Em noite bela de pura felicidade,
O amor se revelou...

Iniciou-se uma história
De carinho e atenção
Os desejos aumentavam
E com eles a paixão

Passos largos foram dados
Em uma direção
E nessa caminhada
Entreguei-lhe meu coração

Chegou-se a tempestade
Como chuva de verão
Só que a tranqüilidade
Vem trazer a salvação

Nessa estrada da vida
Não dá para ir de salto alto
Pois é longa nossa jornada
Mas o amor fala mais alto.



José Adailan