Alienação
Parental – Além da Lei (o poema)
Rodolfo Pamplona Filho
Qual é o sentido de ser deixado só?
Qual é o significado de virar joguete de quem o criou? O que faz alguém transformar o fruto do amor em uma forma para torturar alguém a quem já se entregou? Como imputar tamanha dor a quem não pediu sequer para vir ao mundo viver ou provar o seu sabor? Quando filhos viram massa, só se construi um muro de tristeza; Quando filhos viram moeda, só se paga o preço do rancor; Quando filhos viram brinquedos, só se joga o jogo do ódio; Quando filhos viram propriedade, só se é dono do seu próprio veneno... Morte, tragédia, culpa, homicídio doloso da inocência isolamento, depressão, raiva convertida em manipulação roubo, furto, perda, em pungente sede de não, vítima que é assassina também de seu próprio eu, em uma Medéia que ensina o avesso de amar o seu para, ao mesmo tempo, nunca mais ser de ninguém... Não seja algoz de quem te ama. Não seja cúmplice da frustração. A vida vai além da lei e da cama e o mundo não é só comiseração. Se relacionamentos terminam, filhos são para sempre... Se partir é doloroso, mais ainda é deixar de ser gente... |
Porto Alegre, 12 de
abril de 2013.
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