sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Rima Rica

Rima Rica
Rodolfo Pamplona Filho

Nada é tão belo que se retrate
melhor do que a tessitura de seus seios:
maciez e firmeza de alto quilate,
poucos sabem seus segredos mas... eu sei-os!

O fogo do desejo nasceu ao vê-la,
brilhando como tocha a iluminar o caminho
de quem procura o norte em uma estrela
na esperança imortal de não permanecer sozinho.

Quem se encantou com seus cabelos disserta
sobre a sensação de ir ao céu em um instante;
quem já chorou por você diz: certa
mulher nasceu para viver distante...

Dos seus lábios, quero, ao menos, um selo
que, na falta de mais, já me aquece...
Olhar para seu corpo e não tê-lo
é decretar o fim da nossa espécie.

Somente aquele que, no paraíso, habita
pode compreender o que se passa aqui:
a concupiscência quase infinita
pela oportunidade de você me ouvir...

Vestirei a minha roupa de gala,
se isso puder deixá-la feliz.
Meu nirvana é abraçá-la
E retirar finalmente esta cicatriz

de uma saudade que me martiriza
como um cigarro que me mata enquanto trago...
como um exército que invade a divisa...
como quem percebe o tamanho do estrago...

Chega uma hora em que se quer vergonha na cara
para ter coragem de ter a cabeça ereta
e saber que todo grito, um dia, cala
e todo alvo, algum momento, alguém acerta!

De quem eu seria, se seu não fosse?
A quem dedicaria este sangue espesso
que flui intenso, vermelho e doce
da ferida aberta que agradeço?

Toda tristeza, a vitória espalma
e da lamentação, eu mesmo declino,
ao conseguir preencher a minha alma
com seu amor, que é o mesmo destino.

No vôo para João Pessoa/PB, 18 de julho de 2010.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Amor de Pai


Amor de Pai
Letra: Rodolfo Pamplona Filho (2007/2008)
Música: Alexandre Machado (2010)

Quando eu soube que você viria,
sensação diferente foi a minha:
alegria de receber alguém que não conhecia,
mas conheceria como ninguém poderia...

As primeiras noites mal-dormidas...
Cólicas, febre e recusa à comida,
fraldas, chupetas e mamadeiras...
Cuidar disso não foi brincadeira...

Confesso que senti ciúme do seio
Pois queria estar naquele meio
Trocar sentimentos sem sequer falar...
Tocar o coração sem mais nada precisar...

Ler histórias para dormir no maior breu...
Colocar nos ombros para ver como cresceu...
Ver um sorriso que ilumina o ambiente
e uma risada que alegra toda a gente

Assistir o mesmo filme cinquenta vezes...
Explicar a mesma coisa por meses...
Cantar a mesma canção para acalmar...
Replay’s de cenas no aprendizado de amar...

Ver aquele pingo de gente crescer
Descobrir novo ser, sem do antigo esquecer...
Encontrar alguém que o conhece desde que nasceu...
E que não aceita mais todo conselho seu...

REFRÃO (2X)
- não faço isso por mal, mas para poupar
sofrer da mesma forma que eu, ao sonhar...
Esqueço filhos também têm direito de tentar
cometer novos erros ou os mesmos, para meu frustrar...

Mas, mesmo assim, quando a saudade aperta,
Ainda que a volta ao lar seja incerta
Quero dizer que os pais nunca ficam sós,
Se for possível ouvir, de longe, a sua voz...

A minha torcida pela sua vitória
A construção conjunta de uma história...
A alegria pela sua felicidade
Amor de pai...
Amor de pai...
Amor de pai não tem idade...

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Aprendendo a utilizar o blog

Prezados

Confesso que ainda estou engatinhando nesta coisa de blog.
Com efeito, criei-o há uma semana e comecei a postar aqui vários poemas meus, que eu já postara na comunidade do orkut da Treblebes, bem como alguns poemas inéditos.
Assim, em uma semana, já postei mais de 40 textos e estava propenso a postar todos os demais poemas (são mais de 90 textos...) e, somente depois disso, ir postando pouco a pouco...
Todavia, fui alertado por Talita (minha amada aluna, estagiária, orientanda, colega de boxe e de show de Aerosmith, além de uma "filha por adoção afetiva") de que postar muitos textos de vez acaba fazendo com que as pessoas percam, involuntariamente, alguns deles, por acabarem se localizando no final da página.
A ponderação me pareceu razoável, uma vez que, aqui, não é como no orkut, em que um comentário faz com que o post seja colocado acima dos demais, como se recente fosse.
Considerando, porém, que alguns poemas já foram comentados aqui, decidi fazer o seguinte: vou postar apenas os poemas inéditos, por enquanto, e, em relação aos aqui já postados, vou deletar os mais antigos que nào tenham sido objeto de comentário de ninguém (os que já foram comentados por alguém ficarão incólumes).
Assim, garanto a possibilidade de quem ainda não teve acesso a alguns deles possa comentá-los ou simplesmente conhece-los, jogando os já comentados para mais abaixo.
Quando eu terminar de fazer isso com todos os poemas já postados, vou postando os demais poemas já conhecidos, um por dia, de forma a que as pessoas vão conhecendo, pouco a pouco, esta minha face.
Claro que todos os poemas novos terão prioridade e irão sendo postados antes dos demais, na medida em que forem sendo criados.
Quem, porém, estiver muito curioso para conhecer estes outros poemas não inéditos, pode conferi-los, desde já, na comunidade no orkut da Treblebes, minha banda.
Será um prazer recebê-los lá também!
Ah, descobri também como reconfigurar o blog para que não seja obrigatório segui-lo para comentá-lo. Já fiz isso, embora seja sempre uma honra ter alguém nos seguindo neste blog!
Abraços a todos,

Rodolfo Pamplona Filho

domingo, 22 de agosto de 2010

Esperança

Esperança
Rodolfo Pamplona Filho

O futuro há de ser melhor do que o presente
e infinitamente superior ao passado recente,
pois guarda em sim um querer
que se renova a cada alvorecer

Não é o amor que difere o homem dos outros animais...
Não é a falta de guerra que garante a paz...
Não é a pesquisa lógica que impulsiona à solução...
Não é o remédio que traz calma ao coração...

É a força que move o doente à cura...
É o que faz a alma se manter pura...
É o que se sente no sorriso da criança...
É a mais clara forma de fé: a esperança!

Viver é o exercício da persistência
em um mundo que mina sua resistência
com armadilhas dolorosas nos pontos mais sensíveis,
criando obstáculos cada dia mais terríveis...

Mas nada disso realmente importa
quando a sensação que bate à nossa porta
é uma confiança inexplicável no amanhã
com um renascer da vontade a cada manhã...

Salvador, 23 de maio de 2010
Para Micael...

A Tristeza que corrói (Soneto da Depressão)

A Tristeza que corrói (Soneto da Depressão)
Rodolfo Pamplona Filho

Muitas vezes, falta-me o fogo
sem qualquer motivo aparente,
como um vazio que preenche o todo...
como uma saudade do presente...

É uma nostalgia do que não se viveu
É o gosto amargo do que não se provou
É a dor da ferida que não se abriu
É a mágoa daquilo que não se buscou

Solidão terrível na multidão
Sensação conhecida de apatia
Tristeza estranha que contagia

Choro contido na escuridão
Silêncio quase ensurdecedor
Carência evidente de amor

Salvador, 22 de agosto de 2010

Débito Conjugal


Débito Conjugal
Rodolfo Pamplona Filho

Cansei de pedir
e você não me dar...
Não consigo mais
me humilhar e mendigar
por algo que também
deveria nos trazer prazer,
mas que soa como
um favor feito por você!

Isto não é um capricho
ou mera concupiscência:
é necessidade física como
comer, beber e dormir,
mas há uma diferença abissal
entre vinho e camarão
e refrigerante e feijão...

Sexo não é solução de problemas,
nem paliativo para superar discussões;
não é instrumento para chantagem,
nem mero extravasar de emoções...
É conseqüência natural
de uma relação bem ajustada,
em que proporcionar satisfação
flui livre e da forma desejada.

Você sabe o que quero...
Você sabe o que quero fazer...
Você sabe o que quero para fazer...
E tudo apenas para ser feliz...
Então, por que insiste nesta postura,
que não mais funciona nesta altura
e abre ferida que não cura,
marcando-me com uma cicatriz...

Débito conjugal
Dever especial
Greve sexual
Conflito sem final

Salvador, 22 de agosto de 2010