sábado, 15 de janeiro de 2022

Sobreviver



Sobreviver  

ao ano, 

à pandemia, 

às brigas, 

aos aborrecimentos, 

aos golpes, 

aos roubos, 

às tristezas, 

às decepções... 

 

Sobreviver? 

Não foi fácil sofrer... 

Sobreviver? 

Foi por pouco não perecer... 

Sobreviver? 

Sabe-se lá para que... 

Sobreviver sempre, 

Sobreviver com certeza  

se a alternativa é morrer... 

 

Praia do Forte, 31 de dezembro de 2020. 

sexta-feira, 14 de janeiro de 2022

Cuidados Paliativos



Muitas vezes,

não há muito 

o que fazer

ou o que falar,

mas apenas cuidar

e, sobretudo, respeitar 

o fim do ciclo,

o término da estrada

e o cumprimento da carreira…


Cuidados paliativos 

são a prova inequívoca

de que tudo pode ser

tratado com dignidade 

e aue a despedida,

a transição ou a ascensão 

pode ser feita 

com paz no coração.


Salvador, 6 de fevereiro de 2021.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2022

Phillis Wheatley – Carvão Bruto – Da Senzala ao Estrelato

 




Brilhante lapidada.

Do carvão bruto advinda.

Da alta pressão e sofrimento,

Fez surgir uma ilustrada.


Atravessou o oceano,

Do país africano

Saiu da senzala,

A Senegalesa.

 

Primeira Poetisa Afro-Americana.

Até ao filósofo Voltaire impressionou,

Comprovando que talento não tem cor.


Lamurias e dores

Eram seus motes,

Soube burilar seus dotes.


Paulo Basílio – 30/07/2020

quarta-feira, 12 de janeiro de 2022

Não se planejou assim

 



Não se planejou assim, 

tornou-se assim…

É o que se tem para hoje

É o que se tem para momento 

 

Não se planejou assim, 

tornou-se assim…

E a vida segue independente 

do que era para ser 


Não se planejou assim, 

tornou-se assim…

pouco importa o que era

e o que se tornou!


Não se planejou assim, 

tornou-se assim

e assim se enfrenta 

e assim se vive 

e assim sempre foi

e assim sempre será.


Salvador, 29 de outubro de 2021, conversando com Amauri Munguba.

terça-feira, 11 de janeiro de 2022

Poucas luzes

 




São poucas as luzes nessa madrugada,

trazendo para minha vida iluminação!

 Depois que fui arrebatada da sua presença...


De estar com você ao alcance das mãos,

É muita penumbra, sombras de ilusão.

Não há, no horizonte, estrela d’alva a guiar-me rumo a sua direção.

 

Não sei o caminho.

Há pregadas em labirintos no nosso destino

E isto aumenta a espera saudosa em meu coração.


São poucas as luzes nessa madrugada, trazendo para minha vida iluminação!

O Mundo dá voltas

E eu avalio:

Quem sabe um dia as nossas coordenadas

Se cruzem certeiras ao alvedrio?

E nos permitam videntes amantes de um lindo caminho

Em que o sol seja luz de nova trajetória

Agora, escrevendo-se história sem desalinhos,

Apagando-se a memória da profunda tristeza

Que foi na vida estar sozinha.


(Negra Luz)

segunda-feira, 10 de janeiro de 2022

A Matilha




Eles destroem 

os utensílios domésticos…

… e colam pedacinhos 

de nossas almas quebradas


Eles bagunçam 

tudo que parecia organizado…

… e nos mostram 

que pode ser diferente 


Eles sujam 

o que parecia imaculado…

… e provam que 

não dá para viver sem pisar no chão


Sem eles, eu talvez fosse

mais arrumado e menos amado,

mais limpo e menos puro,

mais rico e, com certeza, menos feliz.


Salvador, 19 de agosto de 2021.

domingo, 9 de janeiro de 2022

Off price






Que a sorte me livre do mercado
e que me deixe
continuar fazendo (sem o saber)
fora de esquema
meu poema
inesperado

e que eu possa
cada vez mais desaprender
de pensar o pensado
e assim poder
reinventar o certo pelo errado



Ferreira Gullar. Em alguma parte alguma. Rio de Janeiro: José Olympio, 2010.