sábado, 27 de agosto de 2022

O tempo




A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa.

Quando se vê, já são seis horas!

Quando de vê, já é sexta-feira!

Quando se vê, já é natal...

Quando se vê, já terminou o ano...

Quando se vê perdemos o amor da nossa vida.

Quando se vê passaram 50 anos!

Agora é tarde demais para ser reprovado...

Se me fosse dado um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio.

Seguiria sempre em frente e iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas...

Seguraria o amor que está a minha frente e diria que eu o amo...

E tem mais: não deixe de fazer algo de que gosta devido à falta de tempo.

Não deixe de ter pessoas ao seu lado por puro medo de ser feliz.

A única falta que terá será a desse tempo que, infelizmente, nunca mais voltará."

- Mário Quintana

sexta-feira, 26 de agosto de 2022

Pacificadores

                             



Há pacificadores

e

Há os que passam

e ficam as dores...


Salvador, 04 de novembro de 2012.

quinta-feira, 25 de agosto de 2022

Porque




Porque os outros se mascaram mas tu não

Porque os outros usam a virtude

Para comprar o que não tem perdão

Porque os outros têm medo mas tu não


Porque os outros são os túmulos caiados

Onde germina calada a podridão.

Porque os outros se calam mas tu não.


Porque os outros se compram e se vendem

E os seus gestos dão sempre dividendo.

Porque os outros são hábeis mas tu não.


Porque os outros vão à sombra dos abrigos

E tu vais de mãos dadas com os perigos.

Porque os outros calculam mas tu não.


- Sophia de Mello Breyner Andresen

quarta-feira, 24 de agosto de 2022

Temas Recorrentes


 


Com frequência, volto a recorrer

a temas que já me propus a escrever,

não por falta de criatividade,

mas por acreditar, de verdade,


que há muito ainda a refletir

sobre aquilo que vivi

seja a Perda da Inocência

ou os Traumas da Adolescência


A Pureza do Sorriso de Criança,

A Frustração quando não se é

o que, quem ou como se quer...


A ausência de esperança...

A solidão na multidão...

A tristeza sem explicação..


Patmos, 25 de setembro de 2012.

terça-feira, 23 de agosto de 2022

POESIA




Queria ser o veludo mais macio e delicado,

A sensação mais gostosa de se tocar...


Queria ser a fruta mais doce e saborosa,

Que à fome de todos pudesse saciar...


Queria ser o perfume com a essência mais

Inebriante que Suskind não pudesse nem imaginar...


Queria ser o som mais morno e bonito,

Para que todos quando o ouvisse, pudessem se acalmar...


Queria ser uma mistura que, além de toda esta

maciez, doçura, fragrância e melodia, irradiasse

do meu mais íntimo, uma luz celestial com a pureza de Deus.

Neste dia, eu seria uma poesia,

Para que você pudesse me ler... 


 Campina Grande, Julho de 1999.

-Ezilda Melo

segunda-feira, 22 de agosto de 2022

Asno de Buridan

 






Se insistir nesta postura

de Asno de Buridan,

você não morrerá

de sede ou de fome,

mas de dor...


Salvador, 22 de novembro de 2012.

domingo, 21 de agosto de 2022

Quando o galo cantou

 



Quando o galo cantou

Eu ainda estava agarrado ao seu pé e à sua mão

Uma unha na nuca, você já maluca

De tanta alegria do corpo, da alma

E do espírito são

Eu pensava que nós não nos desgrudaríamos mais

O que fiz pra mecerecer essa paz

Que o sexo traz?

O relógio parou,

Mas o sol penetrou entre os pelos brasis

Que definem sua perna e a nossa vida eterna,

Você se consterna e diz

"não, não se pode, ninguém, pode ser tão feliz"

Eu queria parar

Nesse instante de nunca parar

Nós instituímos esse lugar

Nada virá

Deixa esse ponto brilhar no atlântico sul,

Todo azul

Deixa essa cântico entrar no sol,

No céu nu

Deixa o pagode romântico soar

Deixa o tempo seguir,

Mas quedemos aqui, deixa o galo cantar

Quando o galo cantou

Eu ainda estava agarrado ao seu pé e à sua mão

Uma unha na nuca, você já maluca

De tanta alegria do corpo, da alma

E do espírito são

Eu pensava que nós não nos desgrudaríamos mais

O que fiz pra mecerecer essa paz

Que o sexo traz?

O relógio parou,

Mas o sol penetrou entre os pelos brasis

Que definem sua perna e a nossa vida eterna,

Você se consterna e diz

"não, não se pode, ninguém, pode ser tão feliz"

Eu queria parar

Nesse instante de nunca parar

Nós instituímos esse lugar

Nada virá

Deixa esse ponto brilhar no atlântico sul,

Todo azul

Deixa essa cântico entrar no sol,

No céu nu

Deixa o pagode romântico soar

Deixa o tempo seguir,

Mas quedemos aqui, deixa o galo cantar


-Caetano Veloso