sábado, 17 de junho de 2023

No Espelho

 



Constatei hoje -


não sem um certo prazer - que


Como todos os “anormais”, sou diferente,


Incômoda,


mas indispensável.


 


Mais que igual,


o meu “ser normal”


é estar onde não se deve,


contra a corrente é o meu natural.


Só assim, sei onde estou e o que faço.


 


Só no pano verde


no rolar dos dados,


é que cumpro meu destino.


 


A contabilidade bem feita


nota por nota,


me confunde e deprime,


rodando em torno de um eixo que ignoro


e me apaga.


 


Só os grandes círculos me satisfazem.


Só andando às cegas, chego ao ponto.


Fazer o que, se Deus fez assim?


 


Rir de mim, absurda


entre normais


Só entre os absurdos, encontro iguais.


 


Enquanto arregaço as mangas para a próxima 


Enquanto a vindoura e a que nem vislumbro


Só na desigualdade posso ser igual.


 


Maria Maroca

sexta-feira, 16 de junho de 2023

Incompletudes e Idiossincrasias

 



Rodolfo Pamplona Filho


Mulher sem ciúme


Homem sem barriga


Criança sem sorriso


Festa sem bebida


Férias sem viagem


Casamento sem DR


Menstruação sem TPM


Emprego sem patrão


Trabalho sem produção


Poeta sem musa


Poesia sem inspiração


Alegria sem você






Cusco, 15 de abril de 2017

quinta-feira, 15 de junho de 2023

quarta-feira, 14 de junho de 2023

Eu nunca serei ela

 


Rodolfo Pamplona Filho


Eu perdoo você


por ser falso


Eu não perdoo


por ser covarde


Eu poderia aproveitar o seu corpo


só para me divertir,


mas me perdi


na armadilha do amor




E, se eu fosse você,


eu nunca me deixaria ir...


Eu nunca serei ela...


Eu deveria parar de lembrar...




Odeio amar você


Não consigo colocar


mais ninguém


acima de você...


Completamente sozinha,


As vezes você me mata lentamente...


Talvez o erro seja meu


Eu só queria ser feliz...






Salvador, 17 de abril de 2017


terça-feira, 13 de junho de 2023

As faces

 



Quantos somos cada um?


Dentro de nossas verdades?


Quantos somos na nossa metade?


Um par? Talvez três?


Faz de conta, leva a vida...


Ou vive tudo de uma vez.


Quantos somos quando se vive sem amor?


Insanos, cansados...


Simplesmente anestesiados...


Tolos enganados


Achando-se imunes a dor


Certos de que estamos certos


Fixos, herméticos


De olhos cerrados


Quantos somos?


Quantas faces temos?


Quando não somos amados?




Tereza do Amaral

segunda-feira, 12 de junho de 2023

Diáfano

 




Rodolfo Pamplona Filho





O dia se faz noite


O dito fica pelo não


Ode


Ódio


Onde não sei se fico...


O Diáfano Espaço


O que, sendo compacto,


dá passagem à luz...


Transparente


como a diáfana fresta da porta...


A compleição diáfana


de quem, de frente,


parece estar de lado


e, de lado,


parece ter ido embora...


Diáfano


Dia foi


Dia fácil


Dia fogo


Dia fóssil


Dia faz ano


Dia faz plano


Diáfano ano...




Brasília, 13 de março de 2013.

domingo, 11 de junho de 2023

Nada

 



Nada é o que me cerca


O vejo em todas as direções!


Nada venta nada se mexe, nada me toca, apenas passa por mim!


Minha alma reflete todo esse nada, como um espelho reflete o sol.


Tudo iluminando como se nada houvesse!


Tantos rostos em trânsito... do nada saem, pro nada vão...


E nada faço para alcançá-los


Gostaria mesmo é de dissipá-los, como se nada fossem...


Como se nada representassem, como se nada fossem no amanhã!


Como se jamais pudesse amá-los ou tão pouco desejá-los, já que nada sou.


E esse meu tempo em que nada acontece, que nada tece, nem padece de ser nada, simples nada.


Eu te procuro e procuro a mim mesma!


Mesmo no escuro me acho em ti


Distante num nada que não é esse daqui.


E disperso... imerso nesse nada...


Ainda procuro tudo que possa achar no escuro


No Nada!




Tereza  Amaral