sábado, 21 de junho de 2014

Constatação Óbvia

Constatação Óbvia

Rodolfo Pamplona Filho
Quanto mais o tempo passa,
quanto mais velho eu fico,
mais a vida adulta parece ser
aquele treco frustrante e idiota
que te impede de ler HQ's...


Salvador, 28 de julho de 2013.

sexta-feira, 20 de junho de 2014

Solidão



              Solidão não é a falta de gente para conversar, namorar, passear ou fazer sexo... Isto é carência.

              Solidão não é o sentimento que experimentamos pela ausência de entes queridos que não podem mais voltar... Isto é saudade.

             Solidão não é o retiro voluntário que a gente se impõe, às vezes, para realinhar os pensamentos... Isto é equilíbrio.


              Solidão não é o claustro involuntário que o destino nos impõe compulsoriamente para que revejamos a nossa vida. .. Isto é um princípio da natureza.


              Solidão não é o vazio de gente ao nosso lado... Isto é circunstância. 


         Solidão é muito mais do que isto.


         Solidão é quando nos perdemos de nós mesmos e procuramos em vão pela nossa alma.... 


 Francisco  Buarque  de  Holanda
 


quinta-feira, 19 de junho de 2014

A Pior Cegueira (João 9)

A Pior Cegueira (João 9)

Rodolfo Pamplona Filho
Há quem queira
ser patrão de Deus:
ordenando, determinando
e exigindo o cumprimento...
Há quem queira
ser dono de Deus:
dizendo o que deve ser feito
para que se cumpra o preceito...
Mas o cego que volta a ver
não quer nem saber
de fórmulas, regras ou senões,
ou mesmo de dogmas ou tradições...
A fé pura se manifesta
com a mera descrição
dos fatos de uma vida reta
ou de uma simples constatação:
há perguntas que não têm resposta,
pelo menos para quem é humano,
e, para a vida, a melhor proposta
é ser só parte do grande plano
que envolve o passado e o presente
de quem estava perdido e foi achado
e não se sente mais deficiente,
embora haja muito a ser recuperado,
mesmo que isto custe sua expulsão
ou a sua imediata rejeição
por um clero mais preocupado
em se manter do que crer,
de falar do que viver,
de obedecer do que servir
e de mandar do que amar...


Salvador, 21 de julho de 2013.

quarta-feira, 18 de junho de 2014

AMADA


AMADA
                                                         Juraci Alves

Amar a outra é fazer feliz
Sempre que o destino nos diz
Se não existe alegria
Como ser feliz!

Quem admira é a alma
Os olhos vêm
O cheiro jamais esquece
No profundo da essência

A outra pode ter razão
Sempre que falamos ou exaltamos
Sangue que ferve na veia
Lembra o vermelho da paixão

Amar é amor verdadeiro
Obstáculos quem nunca viu
Sem tropeço
A expressão do meu por ti


                   Lauro de Freitas/BA, 15/07/2013 às 03:54

terça-feira, 17 de junho de 2014

Vendo a Vida de Forma Cruel

Vendo a Vida de Forma Cruel

Rodolfo Pamplona Filho
Será que existe amizade?
Ou será apenas
uma rede de
apoio necessário
ao indivíduo?
Só os fracos querem
calor humano:
alguém que finja ouvir
enquanto se reclama da vida...
Animais só precisam
de comida, bebida,
sono e sexo
e, por isso,
aproveita-se a vida,
empaturra-se
e namora...
Quando vem
o cansaço
desta rotina,
escolhe-se um
parceiro eterno...
Quando se dá conta
da própria mortalidade,
passa-se a ter filhos,
buscando felicidade
no dom de conceber,
quando, na verdade,
qualquer organismo
é capaz de procriar,
inclusive amebas,
que se dividem...
Não existe
o altruísmo,
nem pureza
de sentimentos,
mas, sim, apenas
condicionamentos
dos traumas da educação
ou da culpa da religião,
já que toda interação
humana é uma transação,
buscando pessoas que dão
aquilo que se quer,
formando laços de longo prazo
como um natural resultado
e chamando isso de família...
Depois que passei
a nisto acreditar,
matei-me...



Salvador, 14 de julho de 2013.

segunda-feira, 16 de junho de 2014

MORTO

MORTO

Reinos  despedaçados
Não há assombro,
Ao escárnio da plateia.
Represento o papel que me cabe
Soberbamente estéril,
Palco de um império   em ruínas.
Outrora havia um homem que um homem era.  
(Está morto).
A morte  sobreveio lenta, na lenta sombra que  devora
claridades.
Jogador, imperturbável , aposto  nos Reis.
Lobo farejador de inocências 
A Fera corrompida mira e seduz
Os vermes dissimulados, todos,
apostam em mim.
Imobilidade
Fétido odor.
Reino das trevas, espectro sou.
Sem jurados, sem juízes,
Sigo neste comboio de servos.
Polida falsa superfície.

Cláudia Reina
05 de julho 2013.


domingo, 15 de junho de 2014

Os Cavaleiros do Apocalipse e o Julgamento Final

Os Cavaleiros do Apocalipse e o Julgamento Final

Rodolfo Pamplona Filho
O primeiro é a ganância,
na sua mais pura projeção,
como a sede de poder
e a fome de dominação...

O segundo é a violência,
em que a paz é obtida
pela força e pelo medo
do que pode acontecer...

O terceiro é a exploração,
na profunda opressão,
que impõe a pobreza
em troca da luxuria

O quarto é a Morte,
como a consequência natural
de todo o sofrimento
da passagem dos batedores.

Tudo isso com apenas quatro selos,
mas a mudança e a redenção virão
na manifestação física definitiva
da abertura do número de perfeição,

subvertendo a fria lógica
da contagem aritmética
e da postura da maioria,
justificando a meritocracia,

no critério do julgador final,
que não deixará testemunhas,
pois ninguém é nada em essência,
devendo toda sua existência
à história que cada um construiu.


Salvador, 07 de julho de 2013, refletindo sobre Apocalipse, 6: 1:17.