Brisa
Vamos viver no Nordeste, Anarina.
Deixarei aqui meus amigos, meus livros, minhas riquezas, minha vergonha.
Deixarás aqui tua filha, tua avó, teu marido, teu amante.
Aqui faz muito calor.
No Nordeste faz calor também.
Mas lá tem brisa:
Vamos viver de brisa, Anarina.
Manuel Bandeira
Blog para ler e pensar... Um texto por dia... é a promessa... Ficarei muito feliz em ler e saber o que cada palavra despertou... Se você quiser compartilhar um texto, não hesite em mandar para rpf@rodolfopamplonafilho.com.br. Aqui, não compartilho apenas os meus textos, mas de poetas que eu já admiro e de todas as pessoas que queiram viajar comigo na poesia... Se quiser conhecer somente a minha poesia, acesse o blog rpf-poesia.blogspot.com.br. Espero que goste... Ficarei feliz com isso...
sábado, 29 de setembro de 2012
sexta-feira, 28 de setembro de 2012
Soneto da Dor da Saudade
Soneto da Dor da Saudade
Rodolfo Pamplona Filho
Você sabe o quanto machuca
a sensação de ausência,
que espezinha e futuca
tanto quanto qualquer doença
A dor funda da saudade
dói mais que joelho ralado,
incomoda como maldade
e agonia que nem nariz constirpado.
Abusa mais que irmão mais novo,
que vírus no meio do povo
ou chuva forte sem guarida
Fere sem tirar pedaço,
Sufoca mais que o nó do laço,
Mata sem tirar a vida.
a sensação de ausência,
que espezinha e futuca
tanto quanto qualquer doença
A dor funda da saudade
dói mais que joelho ralado,
incomoda como maldade
e agonia que nem nariz constirpado.
Abusa mais que irmão mais novo,
que vírus no meio do povo
ou chuva forte sem guarida
Fere sem tirar pedaço,
Sufoca mais que o nó do laço,
Mata sem tirar a vida.
No vôo de Salvador
para Imperatriz-MA (via Brasília),
09 de novembro de 2011.
quinta-feira, 27 de setembro de 2012
Você está em mim
Você está em mim
Eu em você
E mesmo que a distância
Arme o paradoxo
Como bote
Nós desviramos
O barco
E subimos
Cada um com o seu remo
Um de frente para o outro
Sorrindo!
Malu Calado
Eu em você
E mesmo que a distância
Arme o paradoxo
Como bote
Nós desviramos
O barco
E subimos
Cada um com o seu remo
Um de frente para o outro
Sorrindo!
Malu Calado
quarta-feira, 26 de setembro de 2012
Soneto da Mão Boba
Soneto da Mão Boba
Rodolfo Pamplona Filho
Quero esquecer minha mão
no toque de seu corpo
e ter a gostosa sensação
de que não estou morto
Fazer de conta que não percebe
que o contato, mesmo breve,
permite viajar, ainda que sozinho,
que se está trocando carinho.
É uma travessura amena,
não havendo qualquer problema
que você cole em meu fundo.
Então, pare com papagaiada:
Que mão boba, que nada!
É a melhor coisa do mundo!
no toque de seu corpo
e ter a gostosa sensação
de que não estou morto
Fazer de conta que não percebe
que o contato, mesmo breve,
permite viajar, ainda que sozinho,
que se está trocando carinho.
É uma travessura amena,
não havendo qualquer problema
que você cole em meu fundo.
Então, pare com papagaiada:
Que mão boba, que nada!
É a melhor coisa do mundo!
No vôo de Salvador
para Imperatriz-MA (via Brasília),
09 de novembro de 2011.
terça-feira, 25 de setembro de 2012
Praia de Santos
Praia de Santos
Sei que todos, da praia,
querem: sol, luz e alegria.
Mas, é outono e não verão,
Assim, inviável o camarão.
Dia bonito, céu azul.
Crianças brincando na maré cheia.
Quantos castelos de areia
Neste lindo litoral sul.
É saudável a absorção desta energia
O caminhar na orla é pura sinergia
Entre o sentimento e a imensidão.
Mar e céu; verde e azul. Elos,
numa perfeita combinação
Para mim, sem paralelo!
(Paulo Basílio - 19/10/2011)
Sei que todos, da praia,
querem: sol, luz e alegria.
Mas, é outono e não verão,
Assim, inviável o camarão.
Dia bonito, céu azul.
Crianças brincando na maré cheia.
Quantos castelos de areia
Neste lindo litoral sul.
É saudável a absorção desta energia
O caminhar na orla é pura sinergia
Entre o sentimento e a imensidão.
Mar e céu; verde e azul. Elos,
numa perfeita combinação
Para mim, sem paralelo!
(Paulo Basílio - 19/10/2011)
segunda-feira, 24 de setembro de 2012
Soneto do Joelho
Soneto do Joelho
Rodolfo Pamplona Filho
Não importa qual seu estado,
seja novinho ou desgastado
bastante marcado ou machucado,
ou até totalmente esfolado!
O seu outro lado é uma obra-prima,
encontro perfeito em dobradiça,
e mesmo quando sente alguma dor
está sempre pronto para o que for
Não tenho receio de beijá-lo,
mostrando o quão puro e raro
é o carinho que demonstro, ao vê-lo!
pois ele é parte de quem me encanta
do fio do cabelo ao pé da planta...
Logo, eu amo o seu joelho
seja novinho ou desgastado
bastante marcado ou machucado,
ou até totalmente esfolado!
O seu outro lado é uma obra-prima,
encontro perfeito em dobradiça,
e mesmo quando sente alguma dor
está sempre pronto para o que for
Não tenho receio de beijá-lo,
mostrando o quão puro e raro
é o carinho que demonstro, ao vê-lo!
pois ele é parte de quem me encanta
do fio do cabelo ao pé da planta...
Logo, eu amo o seu joelho
Na madrugada, no vôo de São Paulo para Salvador,
depois de assistir o show do Pearl Jam,
em 05 de novembro de 2011.
Marcadores:
Amor e Relacionamento,
Eu poético feminino,
Medicina,
Sonetos,
Textos com Imagens,
Textos dedicados a pessoas específicas
domingo, 23 de setembro de 2012
LIGADURA E VASECTOMIA NO CORAÇÃO
LIGADURA E VASECTOMIA NO CORAÇÃO
Pintura de Philip Guston
Fabrício Carpinejar
Uma das explicações mais recorrentes para desistir ou enfraquecer um amor é que não se quer sofrer. Pelo receio de sofrer, a maioria deixa de se jogar, de se soltar, de acreditar na paz que vem com toda a tormenta. Pelo receio de sofrer, a maioria antecipa cobranças e insultos. Pelo receio de sofrer, casais se separam precocemente. Pelo receio de sofrer, somos mesquinhos, egoístas e primitivos. Não ampliamos a confiança. Somos juízes severos e implacáveis, prometendo o pior enquanto o melhor passa. Pelo receio de sofrer, favorecemos a desgraça, o mal-entendido e abolimos a esperança. Inventamos suspeitas, sob a alegação de prevenir a dor. Com receio de sofrer, falamos pelo tempo e o tempo nada tinha a dizer ainda, nem havia pensado no assunto. Com receio de sofrer, o vento mais forte já é tempestade. Pelo receio de sofrer, fazemos o outro sofrer mais do que sofreríamos na verdade sozinhos.
O amor é sempre sinônimo de martírio, de suplício, de disputa. É claro que o amor não é fácil, como andar de bicicleta sem rodinha para uma criança de quatro anos não será fácil, como aprender a dirigir a um adolescente de 15 anos não será fácil. Facilidade não nasceu nesta vida. Nem pescar é fácil.
Sofrimento se paga à vista. Não aceita crediário. Se surgir, arca-se com as despesas na hora. Nunca por antecipação, a dissipar o contentamento antes de se tornar memória e curva do corpo. O mundo não é limitado, reduzimos o mundo pela preguiça de enxergar.
Por que os amantes estão apagando a alegria do amor? Por que estão suspirando antes de sussurrar? Por que estão escondendo dos amigos o ímpeto de atravessar uma nudez como se fosse o próprio quarto? Por que não declarar que é simplesmente delicioso perder o prumo para se levantar com a espuma? Por que fazer da inveja uma religião? Por que não falar que um arrepio e um estremecimento significam mais do que uma noite de sono? Por que não desistir de dar conselhos pessimistas e avisos mórbidos? Por que dissuadir os apaixonados com conselhos ponderados e equilibrados? Por que se envaidecer com a tragédia? Por quê?
Com receio de sofrer, homens realizam vasectomia no coração. Com receio de sofrer, mulheres fazem ligadura no coração. Tornam-se indiferentes e descrentes. Ambos sacrificam a fertilidade, o inesperado, o porvir, a expectativa e a surpresa. São enterrados de pé.
Viver não é racionar o que se conhece. O que se conhece não basta. Os riscos fazem parte da euforia.
Como a dor, a alegria também pode ser insuportável.
Por receio da alegria, sofremos.
Pintura de Philip Guston
Fabrício Carpinejar
Uma das explicações mais recorrentes para desistir ou enfraquecer um amor é que não se quer sofrer. Pelo receio de sofrer, a maioria deixa de se jogar, de se soltar, de acreditar na paz que vem com toda a tormenta. Pelo receio de sofrer, a maioria antecipa cobranças e insultos. Pelo receio de sofrer, casais se separam precocemente. Pelo receio de sofrer, somos mesquinhos, egoístas e primitivos. Não ampliamos a confiança. Somos juízes severos e implacáveis, prometendo o pior enquanto o melhor passa. Pelo receio de sofrer, favorecemos a desgraça, o mal-entendido e abolimos a esperança. Inventamos suspeitas, sob a alegação de prevenir a dor. Com receio de sofrer, falamos pelo tempo e o tempo nada tinha a dizer ainda, nem havia pensado no assunto. Com receio de sofrer, o vento mais forte já é tempestade. Pelo receio de sofrer, fazemos o outro sofrer mais do que sofreríamos na verdade sozinhos.
O amor é sempre sinônimo de martírio, de suplício, de disputa. É claro que o amor não é fácil, como andar de bicicleta sem rodinha para uma criança de quatro anos não será fácil, como aprender a dirigir a um adolescente de 15 anos não será fácil. Facilidade não nasceu nesta vida. Nem pescar é fácil.
Sofrimento se paga à vista. Não aceita crediário. Se surgir, arca-se com as despesas na hora. Nunca por antecipação, a dissipar o contentamento antes de se tornar memória e curva do corpo. O mundo não é limitado, reduzimos o mundo pela preguiça de enxergar.
Por que os amantes estão apagando a alegria do amor? Por que estão suspirando antes de sussurrar? Por que estão escondendo dos amigos o ímpeto de atravessar uma nudez como se fosse o próprio quarto? Por que não declarar que é simplesmente delicioso perder o prumo para se levantar com a espuma? Por que fazer da inveja uma religião? Por que não falar que um arrepio e um estremecimento significam mais do que uma noite de sono? Por que não desistir de dar conselhos pessimistas e avisos mórbidos? Por que dissuadir os apaixonados com conselhos ponderados e equilibrados? Por que se envaidecer com a tragédia? Por quê?
Com receio de sofrer, homens realizam vasectomia no coração. Com receio de sofrer, mulheres fazem ligadura no coração. Tornam-se indiferentes e descrentes. Ambos sacrificam a fertilidade, o inesperado, o porvir, a expectativa e a surpresa. São enterrados de pé.
Viver não é racionar o que se conhece. O que se conhece não basta. Os riscos fazem parte da euforia.
Como a dor, a alegria também pode ser insuportável.
Por receio da alegria, sofremos.
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