sábado, 8 de dezembro de 2012

Resistência

Resistência

Rodolfo Pamplona Filho
Existe um limite
para alguém seguir
sem o seu veneno.
Existe um teto
do qual ninguém
se arrisca a ultrapassar.
É a negação do prazer
que leva ao câncer.
É a repressão do desejo
que leva ao crime.
É a opressão do ser
que leva à morte.
É preciso resistência
para ter a paciência
de realmente aproveitar
o que cada momento pode dar.
Nem sempre o arranjo agrada,
nem sempre a estrutura suporta,
por isso, não chore por nada,
nem rasgue sua aorta,
pois sobreviver não é
escapar da luta,
já que, ao final,
"A riqueza não é
de quem tem,
mas de quem desfruta"
(Benjamim Franklin)

Salvador, 20 de dezembro de 2011.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

*O Homem; As Viagens** ( **Carlos Drumond de Andrade)*

*O Homem; As Viagens** ( **Carlos Drumond de Andrade)*

O homem, bicho da terra tão pequeno
Chateia-se na terra
Lugar de muita miséria e pouca diversão,
Faz um foguete, uma cápsula, um módulo
Toca para a lua
Desce cauteloso na lua
Pisa na lua
Planta bandeirola na lua
Experimenta a lua
Coloniza a lua
Civiliza a lua
Humaniza a lua.

Lua humanizada: tão igual à terra.
O homem chateia-se na lua.
Vamos para marte - ordena a suas máquinas.
Elas obedecem, o homem desce em marte
Pisa em marte
Experimenta
Coloniza
Civiliza
Humaniza marte com engenho e arte.

Marte humanizado, que lugar quadrado.
Vamos a outra parte?
Claro - diz o engenho
Sofisticado e dócil.
Vamos a vênus.
O homem põe o pé em vênus,
Vê o visto - é isto?
Idem
Idem
Idem.

O homem funde a cuca se não for a júpiter
Proclamar justiça junto com injustiça
Repetir a fossa
Repetir o inquieto
Repetitório.

Outros planetas restam para outras colônias.
O espaço todo vira terra-a-terra.
O homem chega ao sol ou dá uma volta
Só para tever?
Não-vê que ele inventa
Roupa insiderável de viver no sol.
Põe o pé e:
Mas que chato é o sol, falso touro
Espanhol domado.

Restam outros sistemas fora
Do solar a col-
Onizar.
Ao acabarem todos
Só resta ao homem
(estará equipado?)
A dificílima dangerosíssima viagem
De si a si mesmo:
Pôr o pé no chão
Do seu coração
Experimentar
Colonizar
Civilizar
Humanizar
O homem
Descobrindo em suas próprias inexploradas entranhas
A perene, insuspeitada alegria
De con-viver.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Minha Companhia Preferida

Minha Companhia Preferida

Abro os braços, deixo vir sobre o peito,
se for uma brisa de liberdade, eu me derreto,
mas se for de desamor, eu me fecho.
Não serei refém dos meus, dos teus, dos seus, "dos nossos" medos.
Quero ser gerida somente pelas minhas crenças e minha obstinação...
Quero estar sempre nua em pêlo: coração molhado, sorriso largo,
manter o meu ser inteiro, refrigerado - em formato de cruz.
Sobre mim está a sua luz...
Ela ilumina o sotão da minha alma, de onde ecoam as minhas mais silenciosas orações!
Lá vem..., sobre mim, Jesus!


Amanda Santos. 02.03.12

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Irá florescer em mim

Irá florescer em mim
Só não sei quando
Minhas emoções estão confusas ainda
Em mim ainda é inverno...

As vezes eu quero saber onde estive
Quem eu sou, se eu me encaixo
Simulando que é dificil ficar sózinha
Em minha própria saída

Anna Kelly Bastos

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Soneto do Sono

Soneto do Sono

Rodolfo Pamplona Filho
Há dias em que o olho pesa,
o cansaço se manifesta,
a boca insiste no bocejo
e todo o meu sincero desejo

é que o mundo pare totalmente
para que descansem corpo e mente,
renovando o ânimo e a vontade
de viver tudo de verdade...

Pois, de fato, persiste
e da forma mais triste
um único e doloroso sentir,

consistente no lamento,
resumido em um só pensamento:
"por favor, me deixem dormir!"

Salvador, 19 de dezembro de 2011.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

LOUCOS DE MERCADO


LOUCOS DE MERCADO

Todo mercado

de toda pequena cidade,

de vilas e arraiais,

tem homens vadios,

Tem homens vazios

que matam o tempo

na rodada de causos

e mais causos

Que coscuvilham

A vida do vizinho

e dão combate na vida alheia...

Há loucos para ir

e loucos para ficar

Há loucos de paixão

pelas putas do lugar...

Há um louco no mercado,

há um louco revoltado

há um louco aloparado

escondido nos seus andrajos...

O freguês pede o troco:

todo mercado tem um louco

O feirante não tem trocado:

só tem louco no mercado...

Todo mercado tem um louco,

barbudo, sujo e sério

Pródigo em mistérios

que inspiram profecia:

todo louco tem sua mania...

O tempo se esvai

feito fumaça

de fedorentos

cigarros de palha

Suas línguas

são uma navalha,

ferina e boa de corte,

Pois coscuvilham

a roupa do homem lorde

que passa,

Bisbilhotam as compras dos fregueses,

cobiçam o lucro dos feirantes

Para eles, está tudo como antes

no quartel de Vila de Abrantes...

Todo louco é um santo,

todo santo é um louco,

de costas vergadas,

coberto num manto

de farrapos,

que arqueja, que peleja,

pelos corredores do mercado...

Todo mercado

tem um figura folclórica,

legendária e pitoresca,

coberta de farrapos,

vestida em seus andrajos...

Os loucos de mercados

são seres sagrados,

Pois foi um insano

que pressagiou

a morte de Deus:

- “Deus está morto;

Vocês o assassinaram!..."

Há um louco ariano,

há um louco azeviche,

qual o louco de Nietcshe

a pressagiar a morte de Deus...

Salvador,
20.11.1997

MARIVALDO PEREIRA DA SILVA

domingo, 2 de dezembro de 2012

Soneto do Sacerdócio

Soneto do Sacerdócio

Rodolfo Pamplona Filho
Missão é real vocação,
não é fruto ou herança.
Aprender, de verdade, a lição
é realizar a esperança

não de fazer o que planejaram,
mas, sim, de realizar
o que suas aptidões mostraram
como única forma de enfrentar

não comodismo, diletantismo
ou entretenimento
no cumprir seu real intento,

mas, sim, compromisso, sacrifício
e dedicação extrema ao labor
para ser quem é, sem medo da dor.

Salvador, 18 de dezembro de 2011.