sábado, 23 de setembro de 2023

Equilíbrio fluente

 




Maria da Paz R. Dantas



A Ilya Prigogine



Escalando a serra nevada

ou o monte roraima

em minhas retinas

estou hoje a um certo dia de maio

                            no topo 2000

da montanha do século.

Um não-sei-quê

                    me amanhece

para o teu abraço

                    e descubro que

não mais me tentam

vícios de estrutura.

Um corpo leve (o meu)

me atrai me leva

no rumo de um equilíbrio fluente.

Viajar me importa.

                                    Quero

meu desejo além

                      da gravidade

Reconhecer-te

no abismo das quedas

que não chegam ao fundo.

                                   E no

enquanto de abraço

ou ar que nos enlaça

eu te sonho tu me sonhas

de modo tão descontínuo

                                  e livre

que nos sorrimos compreendidos

                            sem medo

de colisão no escuro

ou na sala

                                       civil

dos sistemas

fechados.

sexta-feira, 22 de setembro de 2023

Tomando Consciência




 Rodolfo Pamplona Filho


Eu não sinto falta de você,

mas do amor que eu sentia

 

Eu não sinto vontade de voltar,

mas saudade da companhia

 

Eu não suportaria reviver as brigas,

mas me agradaria lembrar as risadas

 

Eu não aguentaria reviver o que vivi,

mas não posso dizer que me arrependi

 

Eu tomei consciência do que sofri

e, por isto, nunca mais seguirei este caminho.

 

Em 16 de setembro de 2023, no voo de Campinas para Salvador.

quinta-feira, 21 de setembro de 2023

quarta-feira, 20 de setembro de 2023

Amor é (quase) tudo






Rodolfo Pamplona Filho


Amor é quase tudo,

mas o quase não é irrelevante

O que falta ao amor

para ser impactante?

Talvez um pouco de cuidado

Talvez um carinho inesperado

Talvez uma torcida explícita

Talvez uma entrega sem retorno


Amor é quase tudo,

mas o quase não é irrelevante

O que falta ao amor

para ser incessante?

Talvez uma dose de mistério

Talvez um suspiro no espelho

Talvez um choro em desabafo

Talvez um frio na barriga no encontro


Amor é quase tudo,

mas o quase não é irrelevante

O que falta ao amor

para ser acachapante?

Talvez um bilhete inesperado

Talvez uma surpresa no acordar

Talvez dormir agarrado

Talvez nunca parar de sonhar


Salvador, 27 de outubro de 2018.

terça-feira, 19 de setembro de 2023

Aquarela do Brasil






Ary Barroso


Brasil

Meu Brasil brasileiro

Meu mulato inzoneiro

Vou cantar-te nos meus versos

Ô Brasil, samba que dá

Bamboleio, que faz gingá

Ô Brasil do meu amor

Terra de Nosso Senhor

Brasil! Brasil!

Prá mim… prá mim…


Ô, abre a cortina do passado

Tira a Mãe Preta do serrado

Bota o Rei Congo no congado

Brasil! Brasil!

Deixa cantar de novo o trovador

À merencória luz da lua

Toda canção do meu amor

Quero ver a “Sá Dona” caminhando

Pelos salões arrastando

O seu vestido rendado

Brasil! Brasil!

Prá mim… prá mim…


Brasil

terra boa e gostosa

Da morena sestrosa

De olhar indiscreto

Ô Brasil, verde que dá

Para o mundo se admirá

Ô Brasil do meu amor

Terra de Nosso Senhor

Brasil! Brasil!

Prá mim… prá mim…


Ô, esse coqueiro que dá côco

Oi, onde amarro a minha rêde

Nas noites claras de luar

Brasil! Brasil!

Ah, ouve essas fontes murmurantes

Aonde eu mato a minha sede

E onde a lua vem brincá

Ah, este Brasil lindo e trigueiro

É o meu Brasil brasileiro

Terra de samba e pandeiro

Brasil! Brasil!

Prá mim… prá mim…

segunda-feira, 18 de setembro de 2023

Amor sem promessas

 





Rodolfo Pamplona Filho


Quando se ama,

fazem-se promessas,

como se houvesse necessidade

de verbalizar

que se pode fazer tudo

por amor


Mas prometer gera expectativas

que, quando não realizadas,

causam uma frustração,

como se o amor perdesse força

por uma promessa não cumprida.


É olhar uma parte pelo todo,

o acessório pelo principal,

o detalhe pelo conjunto,

o universo por um lugar

a vida por um dia


Amar não exige promessas

Amar exige amar

Amar sem promessas

Amar, simplesmente amar.


Salvador, 06 de julho de 2018.